NOSSOS DESFILES
DIÁRIOS
No Brasil de hoje há varias áreas de desfiles, no campo e na cidade. Passarelas a céu aberto tem fachadas visitadas por diversos calibres de munição, e isto vai aumentar mais por esses dias, com a intervenção militar nos morros favelas do Rio de Janeiro. As paredes de tábuas, alvenarias e corpos receberão buracos de balas, todas com poder de pintar de vermelho o chão acarpetado com modelos masculinos pobres pretos periféricos varados de chumbo nas comunidades.
Há uma luta sem fim por espaço no prato
do desenvolvimento insustentável da nossa população descaminhada.
As balas nas noites de qualquer
temperatura varam o céu e varam corpos desavisados que desfilam pelas ruas, vielas
e becos para o fim do usufruto da existência.
Nesses espaços o céu se ilumina de riscos
encarnados numa velocidade de cruzeiro, na troca de tiros por facções rivais ou
em represália a repressão policial.
A guerra não tem trégua para dialogo
verbal, na violência se resolve o desequilíbrio social para encontrar um pouco de pão que sirva
de alimento às classes exploradas pela elite desavergonhada.
Cada pedaço de corpo e osso quebrado dos
nossos jovens pretos, periféricos e pobres que visitam os cemitérios, é
comemorado por conservadores perspicazes que investe muito do que sonegaram e roubaram na sua proteção.
Uma guerra sem fim não é o fim para quem
nasce necessitado de tudo, de amor, carinho, respeito, educação, ação que se
faça presente para uma criança crescer sem merecer morrer nas disputas por
poder dentro do tráfico, das milícias paramilitares e militares, nos faróis
vendendo balas com caras sofridas.
Cada presente que a elite oferece a
periferia nas taças da violência,é um tranco de tristeza nos semblantes de mães
que pariram filhos em áreas de conflitos das grandes cidades.
A luta é insana e a tendência são os
ventos soprarem mais ainda o fogo que queima a autoestima da população pobre do
Brasil, tendo em revista diária esse desgoverno imoral que ninguém escolheu
para estar onde está, usando do patrimônio público para locupletar correligionários que o dão apoio.
Zé Sarmento
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