domingo, 14 de dezembro de 2014

DESISTAM DE MIM


Não esperem carnes quentes  de mim neste verão
Bem passada. Ao ponto
Ando com a alma muito fria.

Desistam também da minha ossada
Ela anda frágil pra suportar tanto peso na estrutura
Que me carrega há tantos anos.

Dos órgãos internos...
Desistam de  me extraírem
e venderem no mercado negro
eles só servirão pra alimentar a flora
produzir gostosos frutos.

Do meu cérebro...
Pra que tanta disputa por um cérebro tão usado
Tão burro!?
Na luta pra ser inteligente
Ele se perdeu na pueril ignorância.

E a minha pele?
Fuja dela!
Ela te engana!
Não é mais de uma criança.
Pra que lutar pra beijá-la tanta?


Ah, minha vista!
Desistam!
Foi gasta com medíocres leituras.

Minha face...Esqueça!
Ela é falsa, é de plástico reciclado
Não fez nem faz sorrir mais nenhuma criança.

Melhor é desistirem mesmo de mim!

Meu corpo inteiro já não tem mais força
pra fugir do futuro esquife que me levará ao campo-santo.

Quando à terra meu corpo for lançado
Afirmo!
Não serei lembrado pelo meu todo.
Não serei lembrado por alguma parte minha.
Não serei lembrado...
Por algum fato importante que EU tenha realizado.

Zé Sarmento

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

QUERO POESIA EM TUDO...


Quero beber poesia no copo que  for despejada:
louça, barro, flandres, alumínio, cuia, cálice...Não Cáli-se!
Quero poesia adoçando minha boca amarga
pra sentir o sabor da palavra escrita e falada!
Meu paladar, meu corpo, minha carne, minha mente,
sofre com o sabor de horror da descriminação!
Quero poesia na fervura de uma música dançante!
pra soltar as amarras do cotidiano selvagem,
que se ampara em muitas caras e trava muitos corpos!
Quero poesia na cor que ela quiser invadir a minha vista!
A poesia atiça a claridade do meu olhar, deixa de ser mortiço,
vazio de não brilha!
A poesia me deixa doidão quando sangra meu coração,
e joga sangue na incompreensão!
Quero poesia na palavra que é arma, mas não mata!
Quero poesia no caldeirão periférico pra deixar de fabricar bala,
que fabrica cadáveres nas horas ingratas das noites macabras!
Quero poesia cozinhando a palavra escrita e falada em labareda crepitante!
Quero poesia fora da arma que cospe munição!
Poesia é da hora mano, quem é dela pega mina!
Poesia é da hora mina, quem é dela pega mano!
Quem é da poesia é bom de copo,
é bom em mexer o corpo na hora de fazer amor!
Vem pra poesia você que tá no vazio!
Entra nessa esteira que ela vai te levar a loucura!
Onde tem poesia tem amor!
Onde tem poesia tem abraço, beijo no coração!
Onde tem poesia nasce muito neném,
Que depressa vem pra poesia também!
Sem a poesia a coisa fica embaçada...
Não se consegue quase nada nas relações coletivas.
Eu quero poesia!
Eu quero lamber poesia, comer poesia, transar poesia...
Eu quero chupar poesia da boca quente de quem tem amor pra dar,
e não se  vender como prostituta barata
nas  camas frias que têm espinhos como coberta!
Zé Sarmento





sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sarau dia da Consciência Negra




Dia produtivo esse 28/11/2014. Encontro com jovens da Emef Mitsutani, lançamento da trilogia periférica, sarau da Consciêcia Negra. Poesia no ar, na fala, no coração. Vários estudantes soltaram o verbo poético sobre a obra do poeta negro Solano Trindade e Seu Bisneto Zinho Trindade.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

https://www.youtube.com/watch?v=iNYlXz4wvzs

quinta-feira, 20 de novembro de 2014


https://www.youtube.com/watch?v=mfjicO04A7Y
https://www.youtube.com/watch?v=CnIzTDpJAm4

Caminhada em defesa do livro, leitura, literatura...Saberes.




Apesar de não ter uma editora grande por trás, nem venda de livro pro MEC, a satisfação é tamanha dos dois lados.Tento abrir asas de jovens e adultos e fazê-los voar no conhecimento pelas áreas de conflitos da periferia.
https://www.youtube.com/watch?v=nH9RFNNILLk

sábado, 15 de novembro de 2014

LIVRO ABERTO, TV MUDA

LIVRO ABERTO, TV MUDA
Mirei na tv ligada meus olhos oprimidos
Numa casa humilde dos mus arredores.
Mas aos poucos meus olhos foram se dividindo
Se distanciando
Numa divagação contagiante.
Na estante a onde a TV ficava
Havia uma invenção chamada livro
E o que me chamou atenção
Mesmo com os berros do apresentador me irritando
As bundas e seios enormes tentando minha atenção
Foi um livro que todos falam bem.
Era grosso, surrado, mas dizem ser amparado
Por uma voz sublime e elementar para a formação de uma pessoa:
Tentar ensinar o outro a entender o outro
Com seus elementos dissonantes.
As imagens que a TV reproduzia
Não conseguia me fazer ficar alheio
A vontade de pegar o livro e abri-lo
Numa pagina que me retirasse dessa orbe insana
Que comunga tanto o consumo
E esquece de formar cidadãos
E não inimigos que se matem
Por uma dose a mais no seu copo
Uns números na sua conta
Um carro a mais para atravancar o trânsito
E uma arma na mão para derrubar
A quem quiser fechar sua passagem
Nas buscas insanas
Por mais grana.
Zé Sarmento

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

QUERO POESIA EM TUDO...

Quero beber poesia no copo que  for despejada:
louça, barro, flandres, alumínio, cuia, cálice...Não Cáli-se!
Quero chupar poesia no sabor do  sorvete que ela trouxer,
minha boca amarga quer sentir o doce sabor da palavra escrita ou falada!
Meu paladar, meu corpo, minha carne, minha mente,
sofre com o sabor de horror da descriminação!
Quero poesia na fervura de um frevo dançante!
Quero soltar as amarras do cotidiano selvagem,
que se ampara em muitas caras e trava muitos corpos!
Quero poesia na cor que ela quiser invadir a minha vista!
A poesia atiça a claridade do meu olhar, ele deixa de ser mortiço,
vazio de não brilha!
A poesia me deixa doidão quando sangra meu coração,
e joga sangue na descriminação!
Quero poesia na palavra que é arma, mas não mata!
Quero poesia no caldeirão periférico pra deixar de fabricar bala,
que fabrica cadáveres nas horas ingratas das noites macabras!
Quero poesia cozinhando a palavra escrita e falada em labareda crepitante!
Quero poesia fora da arma que cospe munição!
Poesia é da hora mano, quem é dela pega mina!
Poesia é da hora mina, quem é dela pega mano!
Quem é da poesia é bom de copo,
é bom em mexer o corpo na hora de fazer amor!
Vem pra poesia você que tá de bobeira!
Entra nessa esteira que ela vai te levar a loucura!
Onde tem poesia tem amor!
Onde tem poesia tem abraço, beijo no coração!
Onde tem poesia nasce muito neném,
Que depressa vem pra poesia também!
Sem a poesia a coisa fica embaçada...
Não se consegue quase nada nas relações coletivas.
Eu quero poesia!
Eu quero chupar poesia, comer poesia, transar poesia...
Eu quero chupar poesia da boca quente que tem amor pra dar,
E não se  vender como prostituta barata!

Zé Sarmento



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Líteropalestra de Zé Sarmernto



Hoje a tarde, 23/10/2014 tive mais um encontro de incentivo a leitura com alunos do 8° ano da EMEF Jornalista Paulo Patarra no Jd. Mitsutani. É uma festa da literatura quando termina a conversa sobre livros e leitura, é a cidadania e a educação juntas com o escritor e o professor alimentando a fé de que só com educação de qualidade teremos mais estudantes, de fato, do que alunos matriculados.
Dá uma dó quando a conversa acaba e eles vem pra cima querendo livro pra levar pra casa. Doei 6 livros que o Itau cultural me enviou, mas não deu pro cheiro, todos queriam. Doei dos meus também. Mas não dá pra todo os alunos. Sinto verdade quando eles avançam e querem livros. Obrigado a direção dessa escola que abre as portas para o escritor incentivar a leitura, e ao Prof. Thiago Saoli por ter descoberto e vendido sobre a importância do escritor na sala de aula ajudando na educação.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

GRITO DE ALERTA (CAMELANDO LIVRO)


Olha o livro, Sr. Barata!!!!
Barata quer livro!!!
Tira o livro da barata!!!
Barateia o livro Barata!!!
Barata no livro!!!
Olha o livro que a traça ler!!!
Desgaveta  livro!!!
Desestanta  livro!!!
Livro cabeça que alimenta traça barata.
Sistema  quer barata no livro.
Disputar com traça em troça.
Barata hoje engole e caga livro.
Tem mais saber que nós.
Traça é uma desgraça pra comer saber do homem.
Alienação às traças baratas
Que come nosso papel com letra!!
Livro,desgaveta!!
Dá pontapé na traça barata!!
Vem homem pra mão de mim
Sou livro esquecido de ti
Comido  traçado esquecid!
Comer barata ninguém quer!
Livro também não!
Traça não alimenta  mente.
Melhor comer livro que tem invenção.
Olha a barata Barata com saber de livro no estomago!
Olha a barata cagando livro!
Olha a traça barata no livro!
Nem livro homenageado hoje ela respeita no arquivo morto da memoria.
Por favor, alguém quer comer barata de livro?
Ela trás experiência conhecimento!
Vamos fazer esse bem a humanidade!
Comer as baratas que come livros.
As traças  destroçam nossas páginas.
Olha a barata, olha o livro!!!
Olha a traça sem livro!!!
Olha a barata sem livro!!!
Sobrou livro pra nós deixar de ser burro!
Livro bom tem que ter letra que barata traça não consiga tragar!

Zé Sarmento

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Líteropalestras Zé Sarmento

Tamo junto na quebrada pondo pena nas asas desses jovens!
No futuro sua arma vai ser o saber, o livro, não um três oitão apontando pra cabeça das pessoas. Espero! A leitura tem a força, sem ela seremos uma sociedade burra, que relincha, ao invés de conversar!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

LÍTEROPALESTRAS DE ZÉ SARMENTO

Nessas conversas literárias e sobre tudo que interessa aos jovens, dã uma dó do cão, quando termina e eles veem em cima da gente querendo livro pra levar pra casa.Doo alguns livros, mas o bom seria se tivesse mais livros, inclusive de outros autores para doar.Percebo uma verdade neles quando se aproximam e pedem dizendo que vai ler. PMLLLB ver se sair do papel pra ajudar os escritores periféricos encher as comunidades de livros.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

SE EU FOSSE DONO DE MIM

Ah, como gostaria de ser dono dos meus atos!
Ia fazer um monte de merda.
Ia pôr fogo no fogo pra incendiar as mentes travadas.
Ia pôr fumaça nas chaminés pra derreter o picolé
de quem anda chupando o sangue do trabalhador.
Lenha na fogueira EU ia botar,
pra fazer atiçar o braseiro da desordem emocional
pra muitos cair na real.
Ia tirar água da boca de um sedento,
pra ver se ele tomava xixi como água mineral.
Fazer faltar oxigênio no vento, EU IA,
pra acabar com o correr do tempo.
Ia tirar os glóbulos vermelhos do sangue dos intransigentes.
Ia tentar ensurdecer os ouvidos dos que gostam de axé,
funk, breganejo, bregode.
Ah, se eu fosse dono dos meus próprios atos!
Cortaria  as pernas dos que tem pernas de mais para andar
sem ter aonde chegar. Ia fazê-lo vagar pra poder se encontrar.
Se eu fosse dono dos meus próprios atos,
cortaria a língua dos que falam a língua culta
e ocultaria o som dos distraídos nas baboseiras das bebedeiras
dos balcões de bar.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
faria que as nuvens parassem de mover-se,
que a chuva parasse de cair no verde que  já chegou a seu limite.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
faria que a cachorrada da periferia latisse quando o vizinho escutasse
o seu som fora dos seus limites.
Se eu fosse dono de mim mesmo, reagiria ao som  dos baluartes
que esfregam o nariz em bundas de mulheres fruta
vitaminadas pelas agulhas siliconadas.
Se eu fosse dono de meus atos, botaria um feio sapo no prato de refeição
de quem pretende me encher de sermão.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
também pediria que a quebrada reagisse,
se enchendo de reboliço com o corpo cheio de feitiço,
pra fazer a paz reinar entre os irmãos de mesmo teor de sofrimento.
Se eu fosse dono dos meus próprios atos...Ia te pedir um abraço
quando me encontrasse, de fato, carente de sua amizade.


Zé Sarmento

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

CONSELHOS VELHOS AOS NOVOS

Jovem, quando engatei a primeira marcha em direção ao nada
o que achei foi você sonhando com tudo
se jogando pra se descobrir nos destroços de uma sociedade confusa.
Jovem, é bom que se ache por dentro da sua quimera.
Para um velho com EU, o que conta é cada dia,
um atrás do outro rememorando saudades.
Imagine o quanto é duro ter que carregar o passado
dentro de um fardo que perdeu a mocidade.
Vá à luta, jovem sonhador.
Sabe-se que a dor quando medicada com pitada de relevância,
numa mente juvenil,
dói menos que as dores que se apropria dos velhos
que perderam a esperança.
Siga em frente, jovem.
Vá com passos decididos entre o meio fio da navalha
e as folhas secas que caem ao soprar do vento.
Sou uma delas esperando ser sorvido pela terra pra adubar novas crias.
Pra quem já caminhou muito por estradas sinuosas
e se apoderou do tempo como irmão de pele enrugada,
custa um alto preço
tecer a lã do tempo em busca de novos horizontes.
Caminhando, jovem, é que se acha o alimento que nos põe de pé.
Sereno, suba o rio remando a favor, ou contra a maré.
Digo que é assim, jovem, numa hora vem à calmaria, noutra a ventania.
Chegue aonde der sem se sujar no esgoto que corre a céu aberto.
Nele vai achar algum inseto que vai  te querer picar
e teu sangue contaminar com o veneno do ceticismo.
Digo que o meu sangue velho, ainda é puro como mel.
Não se deixou contaminar por infusão confusa
vinda de mente pouco persistente para o grande embate que é VIVER.
Zé Sarmento


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

REFLEXÃO

REFLEXÃO...E a partir do ano que vem a onde vai nos levar a política neoliberal,  se  a Marina Silva ganhar essa eleição, em? Vai que, na calada da noite, ela forma uma base de apoio neoliberal e até o SUS cai nas mãos deles, também o Banco do Brasil, Petrobras, Caixa, Pré-Sal. Todas essas empresas estatais ou mistas serão entregues a preços de banana, apesar de  banana ter encarecido muito, e os investimentos em cultura diminuídos, em? É  a lógica do mercado, afastar o Estado dos investimentos e deixar a livre iniciativa bater todas as faltas que sejam propícias a gols. Depois de um tempo, se der errado, lá vem eles, os neoliberais, numa grita de ensurdecer pedir arrego ao Estado, dá-lhe a nós pagar a conta. Aí lá vem o Estado salvar aqueles que o quiseram fora. Foi sempre assim.
E as conquistas sócias, tão relevantes para as classes menos favorecidas que precisam da mão gorda do Estado na educação, saúde, transporte, moradia, etc. E o grito do trabalhador comum que geralmente não sai às ruas: por favor, governo neoliberal, pelo que sei fazer e ganho como salário, não consigo acompanhar a subida dos preços, pagar aluguel, prestação da casa própria que o setor privado estipula e faz o preço, preciso do Estado como um parente amigo que ajuda quando da necessidade! Meu carro comprei em sessenta meses, também não consigo mais pagar as prestações, o neoliberalismo tá vindo com muita sede ao pote, os juros tão muito alto!

Quem diária, em, classes A e B votando numa religiosa, se misturando com a bíblia segura por mãos que passam o dia todo trabalhando em suas funções mais simples, e corre nos fins de semana para ouvir os discursos de pastores que precisam que paguem por compra de pedaços do céu para salvar as suas almas sofridas. Lembra-me a eleição do Collor, com a grande mídia o ajudando se Eleger. Será que toda essa gente vai continuar como massa de manobra para as elites desse país? Será que é do tipo “santa do pau oco”, tem um discurso que enseja esperança, mas no fundo não o sustenta quando for levada ao atrevimento do mercado que engole até aqueles com base mais sólida politicamente, e a sua base de apoio no congresso nacional vai ter maioria do baixo clero ou dos políticos eleitos por banqueiros e empreiteiras? Será que as políticas públicas conseguidas com tanta luta com o governo do PT e os partidos aliados, vão continuar privilegiadas para os moradores das periferias que precisam tanto ser olhados com mais carinho, e os jovens,  vão continuar com uma carreira garantida de ter  e fazer um curso superior através de bolsas do PROUNI. Sabe-se que tudo isso tem lei que garante verba no orçamento da união, mas também se sabe  que o Brasil é um dos países que mais vota leis para qualquer evento, mas quando falta boa vontade da classe política, não adianta muito. Quero tá vivinho da silva pra ver o circo pegar fogo, e ver os primeiros a sair chamuscados dos levantes incendiários que virão: os trabalhadores.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Morador do Campo Limpo escreve trilogia sobre bairros periféricos

POR BLOG
24/07/14  18:36
Escritor de sete livros e autor da trilogia “Paraisópolis – Caminhos de Vida e Morte”, “Bixiga – Um Cortiço dos Infernos” e “Ângela: um jardim no vermelho”, José Marques Sarmento, mais conhecido como Zé Sarmento, é morador do Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
Zé nasceu na Paraíba e cresceu no campo, entre irrigados e a secura nas estiagens que maltratavam o Nordeste. Trabalhou como boia fria até os 19 anos. Por ter pais analfabetos e na ausência de escolas, alfabetizou-se somente aos 14 nos e, de lá pra cá, nunca mais parou de ler e escrever.
Ainda jovem veio para São Paulo, se casou e se tornou técnico cinematográfico. Após completar 50 anos, decidiu concluir os estudos pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos) e, com uma bolsa integral, se graduou em História.
Por todo seu histórico, por ser o primeiro da família na universidade e pelo curso que escolheu, surgiu o interesse em contar histórias da comunidade e da periferia.
Misturando ficção com a realidade, os personagens da trilogia são retirantes que escolheram São Paulo para fugir da miséria.  Por meio deles, Sarmento mostra o desenvolvimento da cidade e o crescimento desordenado com as invasões de áreas de riscos, de mananciais e córregos.
Zé Sarmento escreveu trilogia sobre bairros de São Paulo
Zé Sarmento escreveu trilogia sobre bairros de São Paulo
“Senti a necessidade de mostrar o ambiente de becos e vielas, no qual os personagens vivem, atuam socialmente, constroem suas moradias depois de muita luta das invasões e dos loteamentos populares feitos por espertos agentes imobiliários”, conta.
O autor explica que no primeiro livro da trilogia, o bairro de Paraisópolis se apresenta como solução para a casa própria, em um terreno intermediário da cidade.
No segundo, no Bixiga, no centro de São Paulo, o morador pode se consolidar por meio de invasões dos sem-teto. Já no terceiro, há a luta pela casa própria, nas encostas da represa de Guarapiranga, tendo como cenário o Jardim Ângela.
Para divulgar suas obras, Sarmento explica que onde ocorrer uma aglomeração “fervendo arte”, ele estará lá. Frequentador dos saraus da periferia e do centro, ele lê seus textos e divulga suas publicações. Em bibliotecas públicas, já foi convidado para falar de literatura para estudantes do ensino fundamental, médio e do EJA.
Zé Sarmento ministra palestras em escolas e bibliotecas públicas
Zé Sarmento ministra palestras em escolas e bibliotecas públicas
Este ano, doou 70 livros para uma escola pública em Paraisópolis. Agora, os alunos estão fazendo uma vaquinha para comprar mais 300 exemplares da sua obra, para um projeto de leitura com as turmas do ensino médio, no segundo semestre deste ano.
“O que vale para as editoras capitalistas é o nome, e não o conteúdo do livro. Por isso fui à luta, editei com tiragem reduzida e com produção por meio de demanda. E vou vendendo, doando e quando preciso, peço novos livros. Quem se interessa, envio por correio. Hoje é mais barato editar. Várias editoras já trabalham assim, por demanda”.
Cíntia Gomes, 30, é correspondente do Jardim Ângela
@cintiamgomes
cintiagomes.mural@gmail.com
   
0
Ouvir o texto

  • Comentários
  •  
  • Facebook

Deixe um Comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *
 
 
 

terça-feira, 15 de julho de 2014

CONDENADOS


O ser humano de hoje
Anda sempre com um olho no peixe, outro no gato.
Acelerado, preso num curral animal
Cujo capim de engorda é disputado na desordem.
Anda com medo da morte
De perder o emprego
A namorada, de ser traído antes do nascer da aurora.
São descasos que reinam pra todo lado.
Uns passando a perna nos concorrentes
Outros abraçando hipocritamente.
Na desordem do dia vem o sol do meio dia num verão febril
Pôr mais lenha na fogueira
Tornando impaciente quem anda louco sem tempo.
Carente de tudo, de grana, de viagens, de bens
 Entram de cabeça nas facilidades de grupos organizados
Que oferecem sair da pindaíba por alguns trocados.
Quando vêem, estão encarcerados
Devendo a advogados ou aos próprios bandos de azarados.
Quando não é dessa forma que se fodem
É servindo de laranja pra político.
Da mesma forma viram ratos dependentes
Do queijo patrocinado pela corrupção.
Dinheiro que sai dos impostos da nação.
Assim anda quem quer viver na esperteza
Não dando bola pra dignidade que é viver na lei dos homens

Pois na de Deus já são uns condenados. 
Zé Sarmento

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O QUE PASSOU, PASSOU...


Digo que pedaços de mim é matéria do  passado.
Me encontro inteiro pelo que faço no presente.
Agora minha matéria prima é harmoniosa na dureza.
Negativas  não conseguirão me destruir.
Juntei meus pedaços depois de ser jogado da torre mais alta da cidade
por mãos de quem discrimina que tem na pele a cor da noite.
Agora é regar de sangue  positivo meu todo
e seguir caminhando em direção a grande luz.
Com passos firmes, vou seguir sem olhar para trás.
Caminhando com o meu todo modulado num compasso mais suave
posso achar minha alma que vivia fora do corpo
e minha auto estima que estava por terra.
(Quando sentimos a alma por perto, nos despertamos da morte
fazemos reviver o corpo que estava partido em pedaços
triturado pelos que negam ceder espaço.)
Meus pedaços vivendo espalhados pelos cantos insanos
não conseguiam fugir dos vermes que me espreitavam irados.
Caminhando inteiro, deixei de estar em todo lugar
sem causa para lutar
e com muitos sádicos com brilho cáustico no olhar querendo me derrotar.
Juntos... Inteiro, meu todo ficou mais forte pra enfrentar o inimigo.
Ele estava por toda parte, querendo pedaços da minha carne
pra jogar a seus cães que latiam e babavam
por que  tinham fome da  minha derrota.
Vitória e luta é a resposta!

 Zé Sarmento


quarta-feira, 18 de junho de 2014

Dia do Nordestino-Crônica 'Vaqueiro'

Dia do Nordestino-Crônica 'Vaqueiro'





Homenagem ao meu finado pai que um dia foi vaqueiro.
Rude homem do sertão de João Guimarães Rosa e da caatinga nordestina de Graciliano Ramos.
A terra  que diga da valentia em busca de reses soltas em meio à caatinga rala, sobre os lajedos e matas intransponíveis de meter medo até em cavalo de aparte, por espinhentos galhos e traiçoeiras brenhas os despedaçar o corpo.
Sobre o alazão enfrenta a vegetação da caatinga. Pele encrocada chamuscada pelo sol de quarenta graus, encontram pra perseguição com segurança, gibão de couro de rés como carapaça impenetrável pelos esporões da mata calcinada.
O cavalo é seu corpo, parte inconteste de si, ainda com poder de ser também sua alma para a somatória de tanto entendimento em se conectar com  o sustento que os levam a viver uma vida ardilosa.
Seguro das rédeas do destino, argúcia de homem nascido para as brenhas, assim como seu companheiro e irmão de afobação e fôlego tenso atrás de rês apartada do rebanho. Os dois na somatória tornam-se um, acham-se como amigos de ganha-pão em fuga para resistir ao máximo às intempéries da vida insidiosa da caatinga.
Cavalo-homem, homem-cavalo endiabrados nas esporas que os ferem, se completam para a contenda das obrigações: pegar o boi e derrubá-lo pelo rabo, amarrá-lo pelas pernas, no mourão. Mascarado, nessa configuração estará seguro o trazendo de volta para o curral, preso pelas artimanhas de quem sabe lidar com gado desde menino.  Sim, ali este homem foi criança sem letras, foi jovem sem cultura. Dela só sabe da sua lida. É homem sem medo de se entregar a caça de animais fugidios, e será mais um a morrer no esquecido das terras sem lei, que dela só ganhará os sete palmos para viver no sossego do céu azulado do sertão após a morte.
            Na apartação e perseguição, os dois animais, um irracional ou outro muito homem, se permeiam de movimentos, desviando-se de solapadas mortais pelo meio dos galhos e cipós de madeira de lei como o angico, a aroeira e afins de matos brabos como descreveria Euclides da Cunha.
Sangue ferve e coração  pula pela estripulia dos bichos, quando alguma rês se veste de euforia e sai pela caatinga para fugir ao destino das matas nas cercanias. Um em solo medonho de tabuleiros de pedras, o outro no medonho do dorso que se esquiva para sobreviver  em harmonia com o brado do destino que faz da mata, sua reserva para  a morte, se o erro estiver por ordem do dia.
Não errando nem homem nem cavalo, estarão aptos para a próxima aventura, quando algum dia, se desgarrando nova rês do rebanho, se embrenharem nos veios desconhecidos da caatinga e tenha que ser encontrada, para dar, homem e cavalo, juízo dela ao latifundiário que os explora desde o  Brasil colônia.
Zé Sarmento

terça-feira, 20 de maio de 2014

RESENHA DE UM POETA E LEITOR SOBRE O LIVRO PARAISÓPOLIS.

Paraisópolis

Obra de José Marques Sarmento -ZÉ SARMENTO)

José  M. Sarmento
é uma obra de expressão  que se caracteriza pela qualidade e a força poética que o autor emprega para narrar uma história intrigante, situada na comunidade de Paraisópolis.  
Para quem não é de São Paulo, Paraisópolis é uma grande comunidade que fica próximo ao Morumbi. Ele narra com requinte de detalhe a vida nessa comunidade. Em alguns momentos a dramaticidade chega parecer uma obra de terror,mas não se impressione,a dramaticidade da narrativa de sua obra é uma característica do autor que ele emprega até mesmo nos seus poemas.
                                             Conheço a comunidade Paraisópolis e por um instante me senti  nos seus becos e suas vielas, tamanha é a veracidade da narrativa. Os detalhes da narrativa impressionam bastante. Quem gosta de uma obra descritiva, forte de dramaticidade, compre o livro Paraisópolis. Certamente você vai penetrar  em um mundo real que está mais próximo de você do que você poderia imaginar. Tem alguns trechos da narrativa que não recomendo para menores, devido a ação realista dos fatos.  Hoje essa maioridade chega mais cedo e tudo é  muito relativo. Portanto, essa minha recomendação se esbarra na consciência de cada um. 
                                               O autor poderia ter separado a narrativa do diálogo, ficaria mais com cara de romance e daria ao leitor uma perspetiva diferente. Da forma que foi escrita, ora parece ensaio e ora parece documentário. De qualquer forma é uma obra de valor histórico que eu recomendo e agradeço José Sarmento por ter me presenteado com um livro.                                                   Não sou bom em fazer análise de obra literária, gosto mais de apreciar sem o dever de analisar. Porém, o autor pediu que eu fizesse essa análise. Gostei e digo mais: José Sarmento não perde em qualidade para nenhum autor de destaque nacional.


PORTEL PRADO
 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

QUEM É POESIA QUE DIZ AÊ (Refrão Roubatilhado de Marcos Pezão)

Na humildade...
A periferia paulistana tá por aqui representada( Buenos Aires)
Quer fazer bonito
Sinalizando abertura  pra poesia que diz aêêê!
Quem é da poesia diz aê, diz aê, diz aê!
Garganta de povo quer bebida,
Tem sede desde o nascer do dia!
Estomago de gente quer comida,
Tem fome desde que acorda
Pulando da cama sem demora
Pra entrar num buzo que demora!
Papel em branco exige poesia que diz aê!
Periferia quer nova aurora,
Qué céu iluminado sem demora
Com a pólvora colorida da poesia que diz aê!
Não prejudica o nosso lado que a poesia diz aê, rapá!
Tem um monte de poeta
Que carrega no peito a crença na poesia,
Mas pra demarcar  território
Precisa ser da poesia que diz aê!
Quem é da poesia diz aê.
Poesia tá salvando muita gente por aqui...
Quando  engajada pinta o caos melhor ainda!
Não me venha com cara feia dizendo que tem fome
E não quer ouvir a poesia que diz aê!
Se você hoje não se farta se expressando na poesia
No futuro se saciará com a poesia que diz aê!
Quem é da poesia diz aê!
Vem pra cima da poesia, meu broder!
Larga esse acento circunflexo
Reflexo da ditadura das normas cultas!
Vem ser feliz na crença de melhores dias
Com a poesia que diz aê
Quem é da poesia diz aê, diz aê, diz aê!
Zé Sarmento