sexta-feira, 2 de abril de 2021


 AQUI TEM HISTÓRIA – BIXIGA, UM CORTIÇO DOS INFERNOS

A vida no bairro do  Bixiga nos anos 70/80 e daí por diante era muito diferente da dos outros bairros da região central de Sampa. Por motivo do luxo e a pobreza morarem lado a lado. O luxo era oriundo de uma classe média local e de outros bairros que enchiam os teatros, casas noturnas, cantinas e a rua 13 de Maio pela passagem das festas de  Nossa Senhora Achiropita, e o samba batucado, cantado pela escola de Samba Vai Vai e grandes produtoras de cinema como a Linx Filmes, Diana cinematografia, mais os laboratórios de revelação de filmes e de efeitos especiais. Mais tarde cheguei a trabalhar nas duas produtoras citadas. Dava pontapé a minha carreira de técnico em luz e elétrica na boca do lixo. A pobreza era determinada por gente como eu, retirante que tinha Sampa para fazer a vida como migrante de todos os cantos. A diversidade cultural se confraternizava  nos mesmos espaços, ou se engalfinhavam, por que também havia a violência dentro dos espaços internos e nas ruas, com as mortes motivadas pela quantidade de traficante que viviam de suprir de droga os ambientes festivos e os homens que disparavam munição de tapas, murros e bjs no corpo das mulheres. Bixiga, bairro próximo a tudo, com infraestrutura já formada. Atravessou o viaduto estadão, (lá eu comia gostoso sanduíche de pernil depois de sair da rua do Triunfo e ir pro cortiço onde morava na Rua Abolição). Era atravessar o viaduto estava dentro da biblioteca Mário de Andrade, teatro municipal, viaduto do chá, mercadão, comendo o sanduíche de mortadela, rua direita, praça da Sé, Mappin, estação São Bento do metrô para onde me dirigia aos domingos para assistir bandas de todos estilos musicais. Os cortiços e os pequenos aps mais em conta, que cabia um monte, era morada de muita gente, (as kitinetes só cabiam dois ou três), como hj ainda é para latinos, e africanos. Lembro das putas das boates da boca do luxo que dividiam quartos. Nessas boates trabalhavam putas mais elaboradas nas suas majestosas esculturas morfológicas. Logo as mais ajeitadas arrumavam moradias melhores. As desajeitadas ou mais velhas, já quase em fim de carreira, as que viviam de se vender segurando os braços de transeuntes nas ruas da boca do lixo com os peitos e bunda desnudos, essas demoravam mais tempo nos quartos dos cortiços, evidente, por ganharem menos. Todas, as mais ajeitadas e as menos sonhavam em fazer uma pontinha ou ser a principal dos filmes da boca, centrada a produção das chanchadas ou filmes mais elaborados e, logo em seguido, os pornôs,  na rua do Triunfo. Ê vida de luta, de utopias, porém da hora quando a gente é novinho em folha.