domingo, 14 de dezembro de 2014

DESISTAM DE MIM


Não esperem carnes quentes  de mim neste verão
Bem passada. Ao ponto
Ando com a alma muito fria.

Desistam também da minha ossada
Ela anda frágil pra suportar tanto peso na estrutura
Que me carrega há tantos anos.

Dos órgãos internos...
Desistam de  me extraírem
e venderem no mercado negro
eles só servirão pra alimentar a flora
produzir gostosos frutos.

Do meu cérebro...
Pra que tanta disputa por um cérebro tão usado
Tão burro!?
Na luta pra ser inteligente
Ele se perdeu na pueril ignorância.

E a minha pele?
Fuja dela!
Ela te engana!
Não é mais de uma criança.
Pra que lutar pra beijá-la tanta?


Ah, minha vista!
Desistam!
Foi gasta com medíocres leituras.

Minha face...Esqueça!
Ela é falsa, é de plástico reciclado
Não fez nem faz sorrir mais nenhuma criança.

Melhor é desistirem mesmo de mim!

Meu corpo inteiro já não tem mais força
pra fugir do futuro esquife que me levará ao campo-santo.

Quando à terra meu corpo for lançado
Afirmo!
Não serei lembrado pelo meu todo.
Não serei lembrado por alguma parte minha.
Não serei lembrado...
Por algum fato importante que EU tenha realizado.

Zé Sarmento