sábado, 9 de maio de 2020

AQUI TEM HISTÓRIA - ESTUDOS


AQUI TEM HISTÓRIA - DE ESTUDOS E PESQUISA
Num domingo à tardinha de Fevereiro do ano de 2008, estava na sala da minha casa zapiando na TV comercial entre Faustão e Gugu, para ver quem mais adquiria audiência  com as narrativas escabrosas produzidas por uma sociedade tencionada por poder econômico a qualquer custo. Estava  tomando uma cachaça e brejas.Do sofá dei um pulo pra cima da TV e gritei: Amanhã vou voltar a estudar.A família se assustou (surtou?) não entendendo onde eu queria chegar com aquele despertar. No outro dia fui até a E.E Presidente Kennedy no bairro do Campo Limpo, procurar saber sobre a modalidade de ensino EJA.Tiro e queda. Tem documento aí. Tenho.Tome.Preencha essa ficha. Ok.Assinado. Combinado. Começa tal dia, Senhor José. Obrigado. Por nada. Fui pra sala de aula no dia marcado. Já tinha 4 livros publicados, aparecido na ilustrada da folha de São Paulo como “escritor de quatro livros permanece inédito em vendas”, ou “a vida do escritor dá força as suas palavras” com 3 estrelas para o livro URBANÒIDES, Um Caos Paulistano, matéria do Marcelo Rubens Paiva.Um ano  e meio depois tou eu assinando uma folha na mesma escola e retirando o certificado do Ensino Médio...E aí Zé?Era pergunta de mim pra mim. Sempre me fiz perguntas, sempre me cobrei.Não vai ser o primeiro de oito filhos a ter um curso superior.O Enem tá logo aí, mano veio, se inscreve, meu.Me dei um beliscão.Experimenta.Me dei um pé na bunda como sinônimo de empurrão e me inscrevi. Fui bem na nota de corte.Levou-me para o curso de história.Era o que eu queria. Sempre gostei muito de pesquisa. Juntar ficção e realidade é pra mim, criar e estudar. Três anos depois fui graduado/licenciado e com essa pegada de voltar à sala de aula, depois dos 50 anos, hj sou todo contentamento quando me deparo com turmas da EJA e CIEJA e turmas do fundamental e médio contando histórias que não é para boi dormir nem da carochinha, e meter poesia social nos ouvidos de alunos, no projeto,”todo aluno de escola pública merece um escritor periférico no pé dou ouvido”. É nóiz na luta periferia. Vc não pode desistir dos seus sonhos. Eja, Cieja táí, volta estudar marrento!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

ÓDIO ÓHDIO HÓDIO! FOME FOME FOME!!!


ÓDIO ÓHDIO HÓDIO! FOME FOME FOME!!!
Minha caminhada já me distanciou bastante do começo.
Estou mais próximo do FIM pela idade que hoje carrego no esqueleto.
Logo estarei caindo no despenhadeiro sem poder retornar como assim ocorreu a Prometeu.
Lá ficarei eternamente sem na lápide algum epitáfio que chame atenção de alguém que perdeu ente querido e vaga no cemitério atrás de sua alma perdida.
Quando morrer, sumirei das vistas de quem me quis por perto por algum tempo da existência.
Quem me quis distante nem pra um bom dia, me adiantou desobediência.
Ando cambaleante. Não por excesso de peso nas costas, nem o caso de bebida destilada desorientar o corpo/cérebro.
 Dissabores cáusticos me deixam severo por esses dias nebulosos.
Do tipo... aprisionamento com tempo pra Ilações, dissabores, horrores.
Por um lado, ando cheio de gente com poder de subornar inteligências, pagando minúsculos cálculos matemáticos nas suas ações diárias.
Essa gente alimenta ratazanas que andam doidas por víveres além do necessário.
Por outro lado gente muito entendida sem poder de reação, é alimentada por retrocessos embustidos.
Usam de subterfúgios das falácias sem ação concreta para lidar com reacionários. Com essa gente, aconselho. Só na mão.
Ficamos nós no meio. Os pobres. OS POETAS.
Sem bola cheia para chutar na meta certa, às vezes, só as de meia furada.
Nem Fazer o gol do campeonato que nunca ganhamos.
Ódio Óhdio Hódio! É o que todos escutam.
Por esse tempo de incertezas.
Nem a pureza do ar sereno saberá lidar com as discórdias.
A maioria se vangloria cantando de galo do poleiro.
Sinto o tempo insuflado com o isolamento social.
Não sabemos nada de futuro.
Onde vamos encontrar o prato que aproximará à boca da colher cheia, e a fará salivar de prazer em engolir um bom bocado?
Por dias de fome. Ódio Óhdio Hódio! FOME!
Nossa gente das beiradas. Indisciplinada. FOME! ÓCIO!
 Não tem tempo bom para morrer feliz. FOME!
Morre tortos todo dia um tantinho. Até o céu ou o inferno dizer.
Em disputa mais que hercúlea.
Você é meu.
Não! Ele é meu.
Os dois com cara de Ódio Óhdio Hódio!
Disputam para que lado do inconsciente coletivo vai levar o fresco cadáver que em vida viveu de eternas incertezas e morreu de:FOME FOME FOME ÓDIO ÓHDIO HÓDIO!!!

quarta-feira, 6 de maio de 2020

ÓBITO ÓHBITO HÓBITO


ÓBITO ÓHBITO HÓBITO
Uma agonia sentir angustiado.
As imagens me fazem angustiado.
As audições me fazem angustiado.
As necessidades me fazem angustiado.
O dia segue angustiado.       
Óbito óbito óbito!
A noite chega e continuo angustiado.
Óbito, óbito, óbito!
Ah, esse isolamento sem distanciamento.
Tudo por ver e ouvir sobre a morte que não largo a foice. Óbito!
Anda de dia e de noite obitando pessoas.
Em todo mundo. Óbito óbito óbito!
Quem mais estava pela hora da morte são os que mais caem. Óbito!
Sorrateira ela anda por vias escuras, estreitas.
Não importa não. Iluminadas. Largas. Qualquer hora em todo lugar. Óbito!
A vigilância da cidade está cuidando de outros assuntos. Macabros!
As pessoas estão em seus aposentos. Pavor. Óbito!
Presas em si mesmas com medo de dá de cara com espirros de óbito.
Todas angustiadas. Acham que serão a próxima vitima.
A morte por esses dias anda com cara de mau. Impiedosa.
Mascarada pelo ódio ou pelo amor de tirar uma vida que já não existe.
Ou que existirá muito.
Ela impõe medo. Óbito!
Sabe todos que estão trancados em suas casas que é hora de vigilância.
Hora de limpar as mãos como nunca.
Até  mãos que já esganaram mulheres estão em vigilância.
Até mãos que manusearam dinheiro sujo estão em vigilância.
Em luta com o sabão. Óbito!
Nos hospitais e casas de repouso a morte está mais presente. Apetitosa. Por óbito!
Ela ama estar nesses lugares.
Com calma ela vai prolongando a agonia do doente.
Então chega uma hora que desfecha sua foice. Óbito!
Dá muitas gargalhadas vendo um amontoado de paciente entubado.
A maioria que não tem como entubar. Ela leva primeiro. Óbito
Geralmente aqueles doentes pobres, das franjas da cidade. Óbito!
Esses não são contabilizados como morto infectado.
Ah, foi o coração fígado falta de ar nos pulmões. Óbito!
Cadê as máquinas! Grita a multidão tirando reservas de ar dos peitos.
Cadê as máquinas de ventilação para os doentes pobres?
Vai morrer mais da minha gente do que da gente outra.
Agentes de saúde não dão conta de tanta gente na fila para cuidar.
Escolher quem  vai morrer é um dilema que angustia.
A granfinagem tem de onde tirar e a quem cuidar.
Ah, essa angustia que não me larga nem na hora de profundo sono.
Haja pesadelo...Haja óbito, óhbito, hóbito!