sexta-feira, 17 de setembro de 2010

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA


PROSIA XX
Pela periferia por onde são criados
Quem saiu desta genética intracelular
Merece ser olhado pelo seu responsável genitor
Com mais cuidado e retidão
Para que o crime não os absorva
E os façam no futuro
Morador de uma detenção qualquer
Ou no mais novo dos dias
Ir parar na moradia definitiva
Que fica lá pras bandas do cemitério são Luiz.
Neste ambiente sem normas estabelecidas
Alimentado por iras e preconceito
O melhor que um cidadão pode fazer para proteger os seus
É pô-los sobre as asas ou acorrentá-los ao corpo
E não deixá-los sair a sós
Quando ainda estão em fase de maturação da personalidade.
Os meus
Por dever cumprido de pai e mãe
Só serão soltos no mundo
Quando souberem distinguir o bem do mal
E saberem que para viver
Precisam estar acorrentados ao sistema
Mas um sistema que emane luz crepuscular
Sem produzir nas vistas
O ofuscamento que os possa derrubar de serem cidadãos.

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA


PROSIA XIX
São as praxes de uma gente que anda doida de viver
Que não sabe entender e ver no ser humano um pingo de qualidade
Querem é vive envolvido nos descaminhos sem volta das atrocidades
Envolvidos em diversos crimes hediondos.
Tentam trazer consigo os menos desavisados de pai e mãe
Que são criados sem estrutura familiar adequada.
Pelo visto
Os pais e antepassados também não tiveram o odor do bem viver
Foram explorados pelos donos do poder que renegaram aos seus irmãos
Um pouco do que muito tiveram e exploraram desta terra
Deixando muito a margem quem veio com tecido enegrecido da pele
Das áfricas destas plagas tão distantes
Em meio às torrentes descritas por Castro Alves.
Teria essa gente que viver como eu
Acorrentado ainda em vida moderna
Que ser alimentada pela fé da deusa grega Atena
Além do que
Pedir para Hefesto assegurar a armadura como a de Aquiles
E ir a luta
Sabendo que
Escapariam e destruiriam os inimigos com a lança que entrara no peito de Heitor.
A sociedade abastada requer uma marcação cerrada para tentar pagar seu erro
Assim como quem saiu da minha gene requer a mesma marcação
Para se manter aos cuidados dos olhos grandes do meu corpo
Responsável pelo cuidar do seu melhor
Para não cair nos descaminhos que é viver no hoje
Sem esperança de futuro promissor.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA


PROSIA XVIII
A vida por aqui tá dura de viver compadre.
Se eu não cuidar dos meus pequenos amarrados a mim
O mundo dos incautos assassinos e ladrões podem roubá-los
Entregá-los aos labirintos sem saída das drogas
Por ser sabido que quando lá estiver e viciado e estragados
A saída ser uma porta que nem arrombada se abrirá.
As possibilidades de futuro serão roubadas
E logo o cidadão será levado com ela para as raias do impiedoso crime.
Esses inimigos merecem ser vistos como os mais mortais de todos
Só assim será trazida de volta a esperança
De se ter uma sociedade menos desajustada
Com cidadãos prontos para seguir o rumo da sua própria história
Sem tropeçar nas aventuras que lhes roubam de ser cidadãos
Com jeito e direito de escolha.
Pelo jeito
Muito ainda tenho que viver acorrentado às argolas que puxam e repuxam minhas carnes.
Sem elas segurando quem saiu do meu DNA
Não encontrarei a liberdade dos sonhos para viajar em busca de um mundo melhor.
Para tanto
Sei que tenho que achar força para seguir adiante
Gastando energia e tentando ganhar mais
Para me alimentar de energia que repasso aos meus
Que com o tempo terão que fazer o mesmo.
Assim seguiremos com o mundo girando
E nós produzindo o necessário
Para manter-nos de pé diante às adversidades
Da tão propagada modernidade que desconchava a vontade de seguir de muitos irmãos.

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA



PROSIA XVII
Sei que estou encadeado levando comigo acorrentado
O que saiu de minhas carnes/sangue que sangra intermitente
E jorra empastando o chão em que pisamos.
Logo me acho rejuvenescido e novo para nova aurora
Mesmo passando pelo perjúrio de ser tudo isso que apresento
Por saber que outros se encontraram após longas derrotas
Renascendo como assim ocorrera a Prometeu
Por ter roubado o fogo dos deuses e tê-lo dado aos homens.
O meu fogo energia doa aos meus filhos
Que são ainda nanicos e não sabem se virar sozinhos.
A violência anda solta pelas partes daqui
Deste pedaço de chão que não quer ver no homem
Uma saída para a beleza que se diz essencial.
Tenho que cumprir minha sina
Para tanto entrarei nela até perder a ultima gota de sangue
Para dar energia aos pequenos que não sabem como é o mundo lá fora
Mas que gira como eu procurando nova aurora para se alumiar de luz menos opaca
E se cobrir dela mais colorida.
Como Prometeu estarei preso a mim mesmo e aos meus
Pelas correntes que nos aprisionam pelas argolas presas às minhas carnes
Que também se renovam quando recebem sopro de nova esperança.
Será que valeu a pena pagar este preço de ser acorrentando
E ficar girando em busca do sustento
Só pelo fato de ter feito diversas crias
E ter como obrigação não abandoná-los?
Sei que doar minha energia é necessário
Para que encontrem o sustento.
Um dia espero à sombra de uma árvore ser feliz
Vendo os filhos de minha descendência
Ganhar seus caminhos e viver como os pássaros
Livres das amarras da infância e juventude necessária
Para que outros desafortunados filhos assassinos não tentem destruí-los em vão.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA


PROSIA XVI
Um tempo ou outro me posiciono para fugir do ataque dos inimigos
Consigo pegar rota mais segura
Mas logo surgem obstáculos
Tais como
Falta de energia por onde estamos
Falta de sensibilidade de pessoas
Que não aceitam dividir espaços com quem é desconhecido.
Todos problemas que me fazem cada vez mais incutir insegurança de sair por aí
Em busca de novas rotas.
O ruim de tudo é que não estou só
Tenho a responsabilidade de levar comigo os companheiros de luta
Que são amarrados em mim pelas carnes que sangram puxadas pelas argolas.
Quando os ataques se sucedem de modo a fazer que tudo piore
no local que estacionamos
Pegamos a fugir novamente procurando novo lugar.
O que é ruim
Porque quem não se fixa em algum lugar do espaço que a natureza criou
Não pode dizer que é pertencente a lugar algum.
Ataques que fazem minha família dispensar muita energia
para sair ileso dos ataques inimigos.
Ataques inimigos que nos deixam atormentados
Passando a levar um tempo para pôr os pingos nos is
E levantar a cabeça para seguir adiante
E levar a vida como qualquer cidadão
Que sabe que tem direito a um lugar na terra.

VIVER É ESTAR ACORRENTADO AO SISTEMA


PROSIA XV
Lapidar-me-ei como metal mais puro
Para suportar essas argolas enfiadas no meu couro indo até os ossos
Moendo uns
Só atritando outros.
Sou responsável por sustentar muitos no meu entorno.
Precisam que eu me vire e revire num girar contínuo para dar-lhes energia.
Sem o meu circular constante
Estarão a mercê do desengano
Pela falta de maturidade.
É assim que tenho que agir numa sociedade
Que ainda não sabe se virar sozinha
E nem sei se um dia saberá
Por fazer parte de mim através dessas correntes e argolas
Que puxam minhas carnes uma hora
Noutra recolhe.
Um responsável há de ter para dar-lhe direção.
Essa direção vem das amarras que me liga a todos pelo meu DNA.
Sou o protetor de indefesos
Por ser tão forte e robusto e segurá-los sem reclamar do sufoco que me dão
Girando no meu entorno.
Os espreito para não fugirem para longe.
Quando isso ocorre
Puxo as corrente que os sustem
Que lhes servem de cárcere
E voltam a consumir minha energia bem mais que os outros
Por ser alguém que gastou bem mais a sua por se retirar para mais longe
E tentar se virar sozinho.
Nossos dias no tempo são assim
E assim vamos levando sem reclamos
Só dessa forma estaremos todos juntos em busca de novo amanhecer.