segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Um Velho Safado

Este é um conto safado, um tanto escatológico, quase nelsonrodrigueano

Há um tempo onde tudo termina, pois não é? Ah, se não é!
Para animais que leva na parte superior do corpo, órgão que a natureza deu-lhe para poder pensar o quanto quiser e o que achar, não poderia ter nascido para outra função, ser superior aos demais bichos da natureza.
Animais racionais como nós, por mais que o corpo perca a condição do que foi feito para fazer e resistir e sentir, massa craniana é componente sem reposição por parte da medicina, mas que pode viver até o apagamento total sem drama ou com, sem amor ou com, se compondo de sabedoria ou ignorância.
Era o que acontecia com o velho Laza, chamado assim pelos mais íntimos nos negócios que empreendia, Lazinho pelas mulheres e, pelos inimigos de concorrência profissional, filho da puta de quinta grandeza.
Coroa muito esperto, que ao longo da vida pôs muita lucidez peculiar para qualquer situação na massa encefálica, que se não fosse pela doença, estaria fazendo e acontecendo ainda.
Mal que o pegou de uma hora pra outra e o pôs sobre a cama, encontrando apenas condição de se mexer um pouco aqui, um pouco ali, por não encontrar condição humana de se locomover com maior ou menor velocidade. Movimentos bruscos por parte de algum membro exterior, eram acontecimentos do passado, perdidos há pouco tempo pelo coração ter dado um basta ao bombear sangue importante para as regiões que precisam ser visitadas de instante a instante.
Viveu muito o coroa Laza, o quase morto já, o que esperava a vela ser acessa diante a morte que não tardava levando os últimos suspiros e ser puxado para o andar de cima pela luz encarnada das trevas que ninguém em sã consciência quer, ou azulada como luz de HMI em espaço que ninguém veio contar como é, mas que dizem os espiritualistas que existe e que todos desejam.

De todos os fatos que passaram pela vida agitada que levou o acamado Laza, o que mais marcou foram àqueles relacionados às mulheres.
Vixe Maria! Eh mulheres luminosas que me encantou com a formosura, com os declives e aclives do corpo e com as sutilezas dos lábios que ferviam enquanto a quentura do corpo fazia elastecer os dias sem ser por arrasto, esses se descortinavam com prazer, que muitas vezes eram curtos para tantos encontros de negócios e amores.
Muitas delas passaram pelo seu desempenho de bom amante.
Foi homem fogoso em tempos idos, tempos que só estão guardados na velha lacuna cerebral, escondido por entre encadeamento de tecido que um dia fora regado com mais vivacidade, mas que, por esses dias, anda desencorajado pelo escasso bombear de sangue do coração para todo o corpo.
Andando pelo glorioso passado de homem de posses, com poder para fazer e desfazer a qualquer hora, foi muito visitado por diversas delas, desde louras a morenas, de japonesas a africanas. Gostava de experimentar todas as raças e teve que com isso conviver com a esposa que nunca veio a descobrir se era verdade ou não o que falavam nas rodas sociais a esse respeito, ou se fazia de desentendida, para não pôr a perder a firma. Achava que casamento é uma firma aberta a dois e que tinha que durar até o fim ou até deixar de dar lucro, como decorriam bons lucros financeiros na relação, na certa se fazia de desentendida.
Laza sente que ainda está vivo quando saem dos pensamentos os acontecimentos surreais pelos quais passou em convívio com as moças.
Viveu intensamente o coroa, mas por esse tempo de en-treva-mento dos órgãos, menos do cérebro totalmente, ainda encontra nele o refugio para se dizer vivo.
Essas horas quem o cuida divisa com um sorriso tímido. Hora dos sonhos sobre viagens pelo corpo das moças que conseguiu possuir até onde pode, dá satisfação, vindo a calhar de ser endereçada as carnes dos lábios.
Nunca deixou de trabalhar para quase todo dia ter uma mulher diferente da sua verdadeira na cama. Encontrava muito fácil essas mulheres. Com o poder que tinha, muitas ficaram esperando namorar-lhe, e envelheceram, assim como ele, com a esperança de um dia fazer exercer o desejo de se deitar, se deitar não para dormir, mas para fodor.
Sonhando como sonhava nas horas propícias dos dias viajando ao passado, tinha momentos que verbalizava palavras de entusiasmo para com as moças que se atiraram um dia sobre seu corpo.
Aí meu bem, aí é bom, como você trabalha bem, você é a melhor que eu já tive.
A mulher do momento se entusiasmava e lhe dava o que ele mais gostava que elas fizessem.
Tempos bons que se foram voltava tão somente nas viagens que a cabeça ainda conseguia passagem gratuita para fazer, não tinha que forçar nada para viajar a esses desempenhos dos pensamentos.
O bilhete para essas viagens, o cartão de crédito para pagá-las, o chek-in no balcão dos últimos dias, sempre surgia quando era levado a pensar nelas sem deixar de dizer que os muitos psicotrópicos que engoliam contribuíam para melhorá-las.
As mulheres para o coroa sempre foi algo muito superior às outras coisas, a bens matérias. Elas sempre exerceram fascínio nas suas atitudes de bom amante, bem dizendo, aquelas mulheres que do corpo, as deusas mitológicas saem perdendo, aquelas que do rosto, Monaliza, de Leonardo da Vince, passa ao largo, aquelas que dos movimentos, nem Sônia Braga ganharia no filme a dama do lotação, nem Vera Ficher nas chanchadas do Walter Hugo Kouri.
Deitado com o costado no colchão, esticado esperando a visita de quem nunca falhou, encontrava lá no fundo d’alma quase morta, o benefício que exerce quem ainda respira ares de sobre vida em possuí-lo, os pensamentos.
Numa dessas ocasiões, recebendo visita de parentes, foram ater-se com ele e pegar-lhe na mão duas meninas bem jovens, mas que sabe de tudo sobre os tempos modernos, meninas que, como as amantes do incapacitado moribundo, sabiam tirar dos rapazes de mesma idade nos banheiros das festas regadas a droga e hock end roll, nas festas rave servidas a comprimidos êxtase, complemento a satisfação de ser alegre e viver de acordo com o bom momento de ser jovem.
Saindo às outras visitas, acharam por bem fazer um estudo mais profundo com o quase morto e começaram por alisar-lhe as mãos.
Não satisfeitas em pegar só nas mãos do moribundo, resolveram que era hora de também morder-lhes os pés, as coxas, e lamber o peito que batia descompassado coração.
As duas sabiam fazer crer a quem por elas passavam no serviço da satisfação ao prazer da carne, que levantavam até defunto.
A muito, o moribundo sem abrir por completo os olhos, bater as pestanas e movimentar o corpo com maior alusão aos movimentos, nessa hora fez e pode ver as duas. Acendeu muito os olhos vindo às pupilas quase cair fora da caixa. Pelo que mexiam dele e pelo que pode distinguir, veio descobrir que podia mexer com maior intensidade as pernas, esticar-se, rejuvenescer-se.
Esticou o esqueleto, retesou até onde pode nessa hora.As juntas estalaram, as duas riram e se divertiram, por achar que estavam recuperando o quase morto.
Continuando buliçosas, descobriram que estavam fazendo um bem dos diabos, mandando embora daquela casa, daquele leito, a dona da foice que corta quem está em pé, deitado ou sentado e manda para debaixo da terra ou para o forno.
Enquanto as visitas não apareciam no quarto, posto que conversavam na sala em discussão para quem ia o quê depois que o velho juntasse os pés, as duas faziam o doente reviver outrora, dando ao momento, pleno júbilo ao renascimento.
Mordendo joelhos, passando línguas pelos peitos, visitaram quase todo o corpo do velho enfartado, quando uma se interessou em pegar uma das mãos que se sentia revivida e ajudou a ser levada as suas partes pubianas. A outra com os pés dava a mesma sina, o esfregando nos seios de si.
Meninas danadas. Eram estudantes de medicina, prostitutas ou simplesmente estavam tentando ajudar a quem precisava? Tinham o coração para fazerem parte de alguma entidade assistencialista, ou deveras queriam ver o coroa morrer feliz?
Talvez não fosse nem uma coisa nem outra, talvez fossem simplesmente duas taradas, que não encontrado hoje gente diferente para fazer o que estavam fazendo, foram encontrar no velho doente, amparo para suas taras e novas descobertas, uma vez que só tinham agido dessa forma com pessoas de mesma idade.
Usando-as de tudo que puderam em relação a fazer com o doente aquilo que deviam ter muita experiência em fazer com os rapazes nos banheiros da escola, no carro ou num motel, levaram-no a reviver um passado cheio de gloria sobre as mulheres.
Só não acreditaram que o doente fosse se levantar da cama num só salto, agindo assim, lhe caíram às cobertas. Viram que ficou de pé repentinamente e se descobriu uma criança vindo ao mundo.
Assustaram-se com o membro do doente enrijecido, trazendo o corpo numa tremura de entenderem que estava baixando um santo, dizendo aos quatro ventos que ia morrer satisfeito por elas terem surgido naquela hora no quarto e o levado a perseguir horizontes de um passado cheio de glória.
Venham meninas, estou pronto para morrer nos braços de vocês, façam esse favor a quem desse dia não passa. Dizendo isso com voz trêmula, caiu com parte do corpo na cama, parte no piso, duro como estava, acabou de ficar para sempre.
Correram para a sala as duas, onde as visitas se achavam e informaram que o homem tinha se levantado sem nada mais nada menos e caído novamente, dessa vez sem se mexer.
Chegando todos ao quanto encontraram o doente no chão, com o corpo descoberto e o membro para cima ainda em estado de alerta, tão duro quanto os outros membros.
Nada como boa química para dar vida a quem está morrendo, quando em excesso retirar de vez.

José Marques Sarmento