AQUI TEM
HISTÓRIA - MAIS 1 DO CINEMA E EU
Minha profissão de técnico eletricista de iluminação de cinema desde
o início dos anos de1980, me fez ralar pra porra, hj se diz gaffer, partes de mim a profissão esmagou,
engoliu e cuspiu, verdadeiro apagamento memorial, comecei na boca do cinema paulista, Rua do Triunfo, depois nas
produtoras da Vila Madalena, fixo em produtora por um tempo em meados dos anos
80, depois frila, PJ, mais de 20 longas-metragens nas costas arranhada por refletores, cabos, tripés, documentários,
curtas, reclames, institucionais, muitos, como trabalhei para o bem comum de todos e felicidade
do diretor de fotografia, profissional que
requer nossa atenção no set, e também o que recebe as estatuetas nos festivais
pelo mundo, além de diversos profissionais, é claro, quem é da área sabe que a equipe
da “pesada” são os primeiros profissionais a chegar e os últimos a sair, não
podem errar, as exigências são de escalpelar até os cabelos do saco, de tanto andar e servir cria-se ferida na virilha, com muitas
horas de filmagem e correrias, hoje gravação, tchau película, em que, todos, em uníssonos, estão com o cu na reta, informo, não se podia
reclamar da remuneração, hoje virou uma disputa entre vendilhões pra vê quem
chega primeiro ser explorado pelos baixos cachês pagos e muitas horas
trabalhadas, mais de trinta dias pro faturamento, os tempos são outros, fiquei
velho, fui cancelado, mas tive paciência pra com ela criar meus filhos com suor, força e vontade
de não vê-los passar necessidades básicas nem deixar a lança do abandono e a da
falta de rumo entrar no peito deles nas ruas da quebrada da zona sul de Sampa, em certos momentos tinha
a humilhação vinda de atitudes arrogantes do diretor/produtor e outros tantos, burgueses que achavam estar realizando uma obra prima filmando um reclame, pela família ter gastado 8 mil reais por mês (acho, hj) e estudado na FAAP, diferente dos diretores de longa, conteúdo, são todos mais humanizados, não
deixava barato, podia ser com quem fosse, até com dono de produtora, diretor e
tudo o mais, usava meu estado emocional social e coletivo, esquecendo que tudo
é político, pra defender a equipe, agindo assim, dei minhas cabeçadas
incertas, pra mim corretas, na contribuição para fechar algumas portas, por
isso estou e sempre estive com tempo para meus livros, voltar estudar, poetizar a vida, grandes textos, pequenos, leitura e para
escrever este post, tem males que vem pra bem, meu bem, diz um velho ditado popular.
A literatura
e o cinema são linguagens que se abraçam, se beijam e transam fogosamente a
qualquer momento, em qualquer lugar, para o bem comum do nascimento de novos
rebentos da arte da linguagem e da imagem.
Zé Sarmento