sábado, 15 de novembro de 2014

LIVRO ABERTO, TV MUDA

LIVRO ABERTO, TV MUDA
Mirei na tv ligada meus olhos oprimidos
Numa casa humilde dos mus arredores.
Mas aos poucos meus olhos foram se dividindo
Se distanciando
Numa divagação contagiante.
Na estante a onde a TV ficava
Havia uma invenção chamada livro
E o que me chamou atenção
Mesmo com os berros do apresentador me irritando
As bundas e seios enormes tentando minha atenção
Foi um livro que todos falam bem.
Era grosso, surrado, mas dizem ser amparado
Por uma voz sublime e elementar para a formação de uma pessoa:
Tentar ensinar o outro a entender o outro
Com seus elementos dissonantes.
As imagens que a TV reproduzia
Não conseguia me fazer ficar alheio
A vontade de pegar o livro e abri-lo
Numa pagina que me retirasse dessa orbe insana
Que comunga tanto o consumo
E esquece de formar cidadãos
E não inimigos que se matem
Por uma dose a mais no seu copo
Uns números na sua conta
Um carro a mais para atravancar o trânsito
E uma arma na mão para derrubar
A quem quiser fechar sua passagem
Nas buscas insanas
Por mais grana.
Zé Sarmento