quinta-feira, 26 de abril de 2012

Palestra ‘da ora’ com alunos da sexta série da E. E. Francisco de Paulo Conceição Jr.

56 crianças muita atentas ao que eu dizia, de forma solta, desinibida, humilde, contando da minha literatura, da minha vida de escritor e trabalhador. 1h10min falando sobre literatura, levou-me a acreditar que nada está perdido, quando não se tem arrogância para lidar com crianças da periferia de escola pública, quando elas se identificam com você pela forma que foi sua vida, e que, em muito, é igualzinho a delas. A diferença é conseguir por pra fora toda uma carga de emoção numa narrativa romanceada. Muitas saíram dispostos a ler mais, inclusive a escrever. Ganhar algum valor financeiramente, não ganhei, mas entendo que consegui com essa conversa com elas, ganhar, os dois lados, experiência e valores para o entendimento cidadã. Umas crianças em cadeiras, outras no chão, num tatame colorido fazendo meio círculo, ilustrava no meu semblante, e de dois professores que estavam presentes, que dessa palestra em diante acabei fazendo mais leitores, porque quando perguntado quem ia, a partir de hoje, começar a ler, 90% deles levantaram a mão, inclusive que iam começar a escrever. No final tiramos fotografias, mas antes teve a seção de perguntas: qual o livro mais importante, qual o maior, como começou a escrever, o que lia no início, porque ser escritor, quando vai ser lançado o próximo livro, como fazer pra começar a escrever. Perguntas vindas com certa timidez e tão baixo que eu tinha que chegar bem perto do aluno pra poder entender. A chuva não atrapalhou a ida deles, essa escola fica encostado ao CEU. A trégua da chuva entre os primeiros pingos a partir da 14h e os que vieram depois, a partir das 16h, deu tempo de irem me escutar e voltarem para o Chiquinho enxutos, saindo-os, Deus queira e os homens de Bom Senso, com pensamentos e atitudes melhores. Todos da biblioteca ficaram admirados, “como que eu tinha conseguido fazer-me escutar, se em algumas palestras com outros escritores, existia alguma conversa ou bagunça a parte”. Digo, “nessa hora, falando sério, eu passo a ser um ‘escritor criança’ - apesar da minha literatura ser ‘literatura do sofrimento’ - falando com experiência, por saber lidar com elas, afinal eu sou pai de 4 e a psicologia para lidar com elas é dar-lhes atenção e olhá-las nos olhos com carinho e respeito.