terça-feira, 20 de novembro de 2007

A PORTA


A porta que se abria e se fechava
A porta que recebia e despachava
A porta que queria ficas mas se mandava
A porta que fazia que era mas se enganava
A porta que se olhava mas não se via
A porta que despedia e contratava
A porta que fazia entrar para ficar
A porta que fazia sair pra não voltar
A porta que era torta e se aprumava
A porta que de dia se levantava
A porta que de noite se abancava
A porta rota que dava rota à perfeição
A porta de vidro que não via quem era quem
A porta opaca que via muito quem era quem
A Porta que se abria para as traições
A porta que se fechava para o amor
A porta que não era porta mas se fechava
A porta que não era porta mas se abria
A porta que não tinha olhos mas que via
A porta que tinha olhos mas que não via
A Porta torta que dava reta a porta certa
A porta sem porta que vivia escancarada
A porta que se fechava batendo na cara
A porta que se abria para os bem vestidos
A porta que apartava pelas caras e cores
A porta que travava as buscas dos entendidos
A porta que destravava as buscas dos desentendidos
A porta que escolhia quem para passar
A porta que reconhecia os donos da maldade
A porta que reconhecia os com dom da bondade
A porta que se trancava para prender
A porta que se abria para libertar
A porta de madeira de lei que não via a lei

Há porta para toda gente
Há porta que não é porta por deixar passar
Há porta que é realmente porta por não deixar entrar
Há porta que não entende ser por viver fechada às novas idéias
Há porta que se acha muito “A porta”
Há porta que se engana mas que se acha está correta
Há porta com cara de tonta mas que é santa
Há porta que não seria porta se não se fechasse
Há porta que não seria porta se não se abrisse
Há porta para todos os gostos
Há porta que nos leva ao céu
Há porta que nos leva ao inferno
Há porta em direção a qualquer lugar

A porta certa é só procurar que existirá
A porta sem porta não seria uma porta qualquer
A porta sem porta seria a porta aberta
Que deixaria passar quem anda atrás dos sonhos

José Marques Sarmento