domingo, 18 de março de 2018

MARIELLE, MARIELLE


Difícil escrever, falar, poetizar sobre a morte trágica de uma pessoa jovem, forte, guerreira, parceira da boa vontade entre os homens, que lutava por igualdade na vida corrida e perversa em que vive a sociedade brasileira nas disputas por espaços político, visibilidade nas redes sociais, votos de grupos aos quais tentam representar. 
Difícil sintetizar o som em palavras positivas que saia da voz de Marielle e entrava pelos ouvidos da população no ativismo social que, via nela, sua representante direta, sim, porque ela estava onde estava a discriminação, a injustiça, o desdém, a pobreza, a humilhação, a discriminação a gênero e orientação sexual, a discriminação de ter sido mãe na adolescência, (como muitas meninas são nas periferias de todo o país, inclusive tendo que deixar de estudar pra cuidar da criança, passando por muita dificuldade em voltar para a escola e seguir em frente seus sonhos de ser alguém que terá uma profissa diferente da maioria da população do entorno.
Defender direitos humanos num território de pessoas desumanizados não é nada fácil, pedras voam em potencial velocidade para acertar e derrubar quem defende esses ideais, no caso de Marielle foram balas na cabeça, que levaram em sua companhia, seu motorista Anderson.
Essa gente conservadora, fascista, que tem na opinião a ilusão de fazer justiça com as próprias mãos, que acha que lugar de pobre é onde nasceu, deve ter nascido em berço de ouro..., (ou não, também tem muito pobre que pensa assim, por conviver com essa gente e dar as costas para receber chicotadas, muitas vezes, por um salário de fome). 
Muitos com mentalidade fascista, não deram margem para se humanizar, mesmo cuidados por trabalhadores domésticos, recebendo apoio de mãos vindas dos guetos, das favelas, dos cortiços, de zonas rurais, de onde surgem muitas mulheres pesquisadoras, instruídas nas universidades públicas que lhes abriram as portas e a cabeça, que usam cabelos crespos como atitude de representação de uma classe discriminada para dizer a que veio.
A polarização entre os extremos políticos, direita, esquerda, está levando o eleitor de diversas ideologias, se digladiar nas redes sociais, criando mentiras pomposas para o fim de descaracterizar o passado da representante dos oprimidos, da mulher que representava um futuro promissor como esquerda autêntica, daquela em que surgiram vários representantes, e também foram, ou estão sendo delegados a eles, inverdades a despeito do poderio de voto que carrega para as próximas eleições.
Ao longo dos anos, a política brasileira sempre teve em foco, através da objetiva de longo alcance, na caça aos políticos verdadeiros representantes do povo, e por esse tempo, o veneno que está em foco, em dose cavalar, é a caça a quem se dispor ter opinião em defesa das minorias, dos trabalhadores do campo e cidades, que têm poder para eleger mais um presidente da república que apeteça seus sonhos e os represente. 
A velocidade da informação dos veículos de comunicação e a quantidade de pessoas que a ela tem acesso, não espera que cruzemos os braços, trabalhadores, todos têm que acender a lanterna para sinalizar o caminho que leve a maioria receber informação, e não ficarem sentados em cadeiras confortáveis, apenas vendo até onde vai dar o fim do filme que não acabará nas eleições de outubro. Vai longe, e todos precisam participar como figurante, coadjuvante ou ator principal.
Zé Sarmento