quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

SILÊNCIO... Hoje eu quero silêncio.


SILÊNCIO...
Hoje eu quero silêncio
Silêncio...Silencio...Silêncio.
Não quero batida de surdo, de tamborim ou pandeiro no meu ouvido.
Quero ouvir as batidas do meu coração
mim doando seus músculos pra me sustentar sobre as pernas.
Quero ouvir a minha voz emudecida
pedindo perdão para aqueles que me massacraram gritando
mim chicoteando desde que nasci lá pras bandas do sertão.
Quero silêncio para ouvir meu sangue atravessando
os labirintos do meu corpo,
num vai e vem de ondulação marítima
regando a agonia das minhas incertezas
e de carnes famintas por justiça.
Quero silêncio para ouvir o meu silêncio
para ouvir meus olhos piscar pra você que não me ver.
Quero silêncio para sentir a minha boca sedenta
pedir a tua molhada.
Silêncio pra ouvir as minhas mãos febris
sonhar meus dedos te roçar
numa noite de paixão promíscua.
Quero silêncio pra ouvir a minha própria “bufa”
não só senti-la...
eliminando gases que me deixam aziago,
mas que te faz ri ao sentir o meu cheiro de enxofre.
Sem esse silêncio
não ouço quem quer me assassinar
quando aparece nas altas madrugadas
trazendo a munição da palavra armada
querendo guerra com a minha preguiça
para a criação da escrita.
Entenda...Silêncio muito nunca é demais
pra quem quer com a palavra, a voz, o corpo
se expressar
e deixar registrado aquilo que nasce do seu interior
em forma de arte
escutando o seu próprio silêncio.