sexta-feira, 3 de outubro de 2008

OS MORTOS VIVOS DO SISTEMA CAPITALISTA...
Vivem acorrentados num agonizante fragor, tendo animais parasitários cravados pelo corpo se lambuzando dos sonhos que não deram contar de dar certo, pelo consumo produzido pelo capitalismo selvagem ser digerido por aqueles que conseguiram se escravizar com menos compaixão de si mesmo, imagine de terceiros.
Tornaram-se escravos e tentam se movimentar para encontrar saída que lhe dê melhor dividendo para conseguir pagar mais uma prestação atrasada de diversos itens que acham que podem e precisam possuir.
Algum sentido vagueia para pensar o que podem fazer para sair com vida de onde estão amarrados por correntes inquebráveis, pelas incertezas que o mercado globalizado de ações e reações do neocapitalismo possa trazer ao sistema de consumo sem freio ABS que o faça parar antes de cair no despenhadeiro sem volta.
Ferragem com engrenagens bem distribuídas prende muitos mortos vivos sobre moderno sistema de informação, apontando para cima lanças para ser cravadas no corpo, por qualquer movimento em falso que vierem a cometer contra os poderosos senhores donos de todos os movimentos financeiros.
Serão perfurados, vindos a ser varados de um lado a outro se não conseguirem se encaixar em novas engrenagens que mentes insanas criam diuturnamente.
O cenário é de horror caótico, com flechas apontadas para qualquer direção vindas de todo lugar, prontas para ser disparadas em quem consiga se desvencilhar das ferramentas impostas por quem comanda o mercado de ações.
A porcaria umedecida e apagada no chiqueiro dos que podem tudo ofuscada pela cor da incerteza, é rota para os inumanos encontrar onde se alimentar, estando ali a centenas de anos se refrescando nas imundices internacionais.
Ao lado e em qualquer canto que o espaço ceda lugar, outros acorrentados alimentam outros tipos de animais que para viver precisam de terceiros com vida plena e saúde sobrando pelas orlas da corrupção pública ou privada, que apresente necessidade e que tenha sangue e subserviência para qualquer ocasião.
Neste cárcere, presos sub o julgo do poder que muitos detêm para sugar o que resta como material de capital, muitos deles acreditam que é o fim para quem achou que ia viver um pouco mais, já que tem subido a perspectiva de vida dos brasileiros.
Os abutres descansam pelas saliências das paredes de pedras extraídas de pedreiras que produzem os mais finos mármores, que andam escurecidos pelo lodo secular da especulação, esperando a morte eminente de algum ser vivo que vive sendo sugado também por bandos sempre em revoada de morcegos carnívoros, prontos para pegar quinhão de bens para construir reputação de bom investidor.
Ratos são vistos esperando o anoitecer para sair das tocas e abocanhar seu milhão que acabou de virar cinza no decorrer da baixa de ações. São filhos de deus e precisam de resto de alimento para não sucumbir em suas locas escuras de degeneração, na umidade do buraco gruta mundo imundo.
Por que tentei ser o que fui, grita um deles com papéis sem valor não mão, se em todo lugar que ia não encontrava conciliação, só obrigação?
Devia ter me tornado assassino dos donos do poder desta tormenta, grita outro. Não estaria morrendo aos poucos sem poder me defender do fracasso do lucro fácil que sonhei.
Os vermes que precisam de sangue dos miseráveis engordam sem precisar se locomover por muito, grita um terceiro, pegando nossos míseros investimentos em ações sem reações.
Encontra quem o satisfaça sem receber na fuça a força de um coice a fim de dilapidar o inimigo. Por mísera quantia compra qualquer um que queira ser no futuro um co-participe dos afortunados de valores vindos da escravidão branca.
A gritaria ecoa de muitas gargantas que só têm esse órgão para se defender, já que as amarras não os deixa mover-se por ter queimado o que tinha em dinheiro embaixo do colchão. Na verdade, todos gritam para ninguém, pois que só conseguem soltar a voz quando estão longe daqueles que mandaram prender-lhes.
Nosso sangue os alimenta por sermos presas do poder que emana do capital especulativo.
Ah se poder eu tivesse para quebrar essas correntes e descerrá-las nas costas arrombando ferida que os ensinassem a ser gente mais adiante.
Mim respondam: será que aprenderiam a respeitar os subalternos oriundos da miséria absoluta que produziu este país ao longo de centenas de anos?
Na escuridão desse cárcere que muitos fazem de tudo para participar, ninguém sairá ileso de ser sugado, mordido, triturado, amarrado pelas correntes do metal do desenvolvimento capitalista. Cada um que se cuide para não ser sugado pelos morcegos, sanguessugas, ratos e abutres que nutrem amor pela carne de novos corpos que se lançam no mercado para no futuro morrer feliz, rindo do poder que conseguiu possuir para fazer mais cárcere e mais prisioneiro para mais produção de bens de consumo.
ZéSarmento