sábado, 17 de novembro de 2012

MORTE NA CASA DAS ROSAS

O arquiteto Arthur Azevedo vivia com ódio saltando pelas ventas,
atirando tufo de fogo pra todo lado,
por ver de onde estava...no céu ou no inferno...
que sua mansão tinha se transformado
num harém para prostituir a arte.
Não gostava do que via ser representado sem inibição
pelos artistas filhos da elite paulistana.
Achava que as obras que ali frequentavam sem passado
era arte criada sem conexão com a realidade dos tempos,
Ex: Tempo de uma sociedade periférica que grita por mudança social.
Para dar andamento ao que se propôs fazer,
surgiu da penumbra do jardim
entrando pela porta  já com a faca em riste,
e num ínfimo andamento em que um autor lia seu texto,
gesticulando pra todos os cantos e pra todos os ventos,
babando no papel  sua criação,
levou a lâmina  rasgar  carne de primeira,
indo direto ao coração.
Pulando com pressa para outro autor,
chegou a tempo de encontrá-lo ainda pelo meio do poema,
quando o fez sangra pela altura do abdômen.
Um grito de horror se ouviu pelo  casarão  
e por toda Avenida Paulista,
vindo se despregar das paredes
algumas pinturas de grandes artistas do passado.
Estavam com medo de serem confundidos com autores contemporâneos.
Arrastando a lâmina... Tripas saíram deixando o oca a barriga.
Grande quadro acha que criou fazendo aquele intestino
se expor como uma pintura barroca.
Depressa foi a outra sala com o povo indo atrás,
achando ser uma peça encenada com maestria de veracidade.
Encurralado entre o encontro de duas paredes,
ficou sem ação outro canastrão.
Os presentes davam ao momento, movimento de êxtase.
Outro artista saiu em busca de proteção protegendo no peito sua ultima criação.
Na fuga acabaram visitando algumas salas,
destruindo instalações de artistas
que gritavam com as mãos na cabeça.
Não destrua minha arte!! Não destrua minha arte!!!
Destruída a arte contemporânea,
morto o último perseguido com uma facada nas costas,
a plateia começou a aplaudir a encenação,
mas ao mesmo tempo começaram a fugir quando a ficha caiu,
Pelo surgimento de grande aparato policial.
Desse dia em diante
a Casa das Rosas nunca foi à mesma.
Teve que abrir as postas para toda sociedade
que cria sua arte e quer expô-la sem descriminação.
Zé Sarmento