terça-feira, 7 de setembro de 2021

 

AQUI TEM HISTÓRIA - DESFILE

O 7 de setembro da minha meninice era esperado com entusiasmo pelos estudantes da escola onde estudei no distrito de São Gonçalo, Sousa, PB. Era tipo um beijo na boca da garota por quem se estar apaixonado.

Quinze dias antes começavam os ensaios para a data cívica com maior relevo nacional pelo fato de ser o regime militar a administrar a nação. Desfilava todas as classes de aluno a partir do quinto ano.

Tambores como bumbos, surdos, tamborins e caixas, recebiam no couro cacetada dada por mãos que batiam sem dó para acompanhar o ritmo.

A rua principal da minha vila se enfeitava de cores da bandeira do Brasil.

O verde e o amarelo predominavam balançando ao vento penduradas em postes e árvores.

No rosto de alguns alunos, algum sofrimento pelo sol bater na moleira e o corpo amolecer, mas no da maioria, alegria era o que se via, por estar servindo a pátria mãe gentil.

Máquinas agrícolas do DNOCS se juntavam ao desfile e arrastavam os estudantes com batida de pé no calçamento da rua 16, a principal. Varava minha vila de uma ponta a outra. Desde a escola a ponte de tábua.

Do alto da gruta, nossa senhora jogava seu olhar faiscando proteção aos que desfilavam de encontra ao palco principal.

Crianças e jovens estudantes da escola Estevam Marinho, recebiam na moleira o sol inclemente do sertão, acompanhado por professores e pais. Precisavam ser resistentes para engolir as horas desde as sete da manhã a uma da tarde. Dia em que as mães preparavam alimento melhorado no aspecto, sabor e cor.

Os instrumentos cadenciavam a pisada dos enfileirados e alinhados alunos rumando em direção ao prédio principal da administração pública para escutar discursos de autoridades.