quinta-feira, 28 de maio de 2015

ONDE ANDA MINHA TRIBO?

Cadê a minha gente?
Cadê a minha descendência?
Por onde anda meu DNA?
Por gentileza, apresente a minha tribo.
Preciso me enturmar, tomar um banho de relacionamento.
Convencer-me que sou capaz de manter uma amizade prolongada.
Quem sou EU, afinal? A quem pertenço?Tenho algum parente?
Preciso encontrar a minha tribo.
Ando só cavando minha estrada.
A minha tribo foi esfacelada.
Foi queimada pelo calor da explosão da mente de um senhor de engenho?
Desapareceu porque se meteu em luta contra a arrogância do poder?
Foi numa noite de trevas que a minha gente se foi?
Foi num dia de tocaia que a minha tribo acabou?
Preciso da minha tribo!
Preciso vestir os panos da minha tribo.
Pintar meu corpo com as cores da minha tribo.
Pentear-me como a gente da minha tribo.
Beber e comer  alimento da minha tribo.
Falar a língua da minha tribo.
Pensar o que pensa a minha tribo.
Ler o que ler a minha tribo.
Escrever o que escreve a minha tribo.
Preciso da minha tribo pra dizer que pertenço a alguém.
Pode bater tambor, tocar agogô, sanfona, gaita.
Religião de qualquer fé também pode ter na crença.
Sozinho não consigo me relacionar.
Tem que haver um lugar pra me caber.
Cadê o cemitério da minha tribo, o jazigo, os ossos, a caveira inteira?
Cadê os bens que deixou a minha tribo?
As casas, as fazendas, as contas bancárias?
Os registros da minha tribo a história não se preocupou  preservar.
Que pena!
Cadê a minha tribo?!

Zé Sarmento