Quero beber
poesia no copo que for despejada:
louça,
barro, flandres, alumínio, cuia, cálice...Não Cáli-se!
Quero poesia
adoçando minha boca amarga
pra sentir o
sabor da palavra escrita e falada!
Meu paladar,
meu corpo, minha carne, minha mente,
sofre com o sabor
de horror da descriminação!
Quero poesia
na fervura de uma música dançante!
pra soltar
as amarras do cotidiano selvagem,
que se
ampara em muitas caras e trava muitos corpos!
Quero poesia
na cor que ela quiser invadir a minha vista!
A poesia atiça
a claridade do meu olhar, deixa de ser mortiço,
vazio de não
brilha!
A poesia me
deixa doidão quando sangra meu coração,
e joga
sangue na incompreensão!
Quero poesia
na palavra que é arma, mas não mata!
Quero poesia
no caldeirão periférico pra deixar de fabricar bala,
que fabrica
cadáveres nas horas ingratas das noites macabras!
Quero poesia
cozinhando a palavra escrita e falada em labareda crepitante!
Quero poesia
fora da arma que cospe munição!
Poesia é da
hora mano, quem é dela pega mina!
Poesia é da
hora mina, quem é dela pega mano!
Quem é da
poesia é bom de copo,
é bom em
mexer o corpo na hora de fazer amor!
Vem pra poesia você que tá no vazio!
Entra nessa
esteira que ela vai te levar a loucura!
Onde tem
poesia tem amor!
Onde tem
poesia tem abraço, beijo no coração!
Onde tem
poesia nasce muito neném,
Que depressa
vem pra poesia também!
Sem a poesia
a coisa fica embaçada...
Não se
consegue quase nada nas relações coletivas.
Eu quero
poesia!
Eu quero lamber
poesia, comer poesia, transar poesia...
Eu quero
chupar poesia da boca quente de quem tem amor pra dar,
e não se vender como prostituta barata
nas camas frias que têm espinhos como coberta!
Zé Sarmento
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