Minha alma burlesca,
está pronta
para mais um lance destemido:
subir no topo
da montanha e assistir as almas impuras
se matando
para se colocar diante as derrocadas de uma sociedade insana.
Começarei a
rir daquele que corre atrás de um filho da puta de um patrão
que o despediu
e o faliu: quer tirar-lhe a vida.
No alto da
montanha com o vento úmido soprando meu rosto,
vejo o
quanto as almas impuras se matam
para dar de
cara com o prazer de ter um bem que se quer
sem ter
condição de levar com ele para o túmulo.
Do alto da
montanha estarei rindo das mortes
insanas,
da luta de
uns por um pão dormido,
um pedaço de
carne no lixo.
Quem chegará
primeiro ao filé Mignone de carne humana
que frita
sobre chapa quente de um restaurante chic?
Viraram
inimigos na luta por um prato de comida e um pouco de droga.
Andam perdidos sem saber para onde ir
os que se
perderam cheirando tubos de cocaína.
Pedaços de
carnes serão rasgados com dentadas chorosas e raivosas.
Jovens nos quartos dos castelo se masturbam
assistindo um filme pornô,
cercado e guardado por seguranças de preto.
Coroas ricos
estupram meninas e meninos filhos da pobreza
por um
bocado de notas de dólares.
Seu dinheiro compra juízes e cadeias com ar
condicionado.
Sabor de horror e dor assistirei
Cagando de
rir
quando no
meu rosto de alma solta e leve
o vento parar
de soprar levando a brisa da noite para outro lugar.
Darei minha
última gargalhada ao ver os corpos se estragando
comidos
pelos corvos que saíram das almas nobres.
Do alto da
montanha, me regalo assistindo a
desordem na ordem do dia.
Milhares de
miseráveis que se deixou levar
Parando de se alimentar daquilo que a terra produz
Pra se
encheram de drogas que os sustentam a mente, não o corpo.
As almas
desses já não mais se encontram em cada um,
fugiram por
não suportar conviver ao lado de quem viu nascer
e se perder
por não suportar conviver pela ordem do
dia.
Zé Sarmento
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