Periferia:
estás pronta
para se acalmar no colo abraçante da fraternidade.
Periferia...Terra
digna e cheia de aptidão pra receber o recorte que cospe da modernidade um pouco
do lucro dos poderosos que lucram com o teu descaso.
Periferia...
Lugar recortado ...atado pelas correntes da falta de estrutura e do descaso.
Periferia,
fostes esquecida durante os tempos que correram sem abrir os braços num gesto
largo para reclamar dos teus fracassos e expugnar os desagravos.
Periferia, terra ferida e esquecida pela luz que poderia te
luzir iluminada pelo poder público.
Periferia,
sempre estiveste sangrando, caindo de dentro de ti, de teus becos escuros e
delinquentes...nesgas de entulho que prima por limpeza e cuidado.
Periferia, esperamos
que não adormeça em berço esplendido como um sonho que varou a noite, mas que
no outro dia se achou na realidade do
caos.
Adelante periferia...Espaço
que esteve desligado da chave do progresso durante anos, mas que por esse tempo
encontrou, nas lutas entre as classes
que dominam a sociedade, um lugar menos
apagado vindo do erário do estado, para
patrocinar as bocas que criam imagem, refrão e querem pão.
Periferia...
terra de gente pintada por diversas cores de raças que aqui aportaram para te
construir falando diversos sotaques, desde do norte ao sul, do nordeste ao centro oeste.
Periferia...
Lugar de gente disposta a falar a mesma língua para deixar de comer as sobras
do capitalismo selvagem, sobra de alimento dos ricos que te despreza, sobra da
engrenagem que tritura tua carne nos solavancos das conduções.
Periferia ferida...
que um dia resolveu parar de sangrar e se lamentar pelo sangue derramado dos
teus filhos e que foi a luta.
Periferia
que ergueu a espada para o alto e correu em busca de encontrar com quem lutar
para dizer chega!...estamos cansados de ser paus mandados.
Periferia...Vejo
que ergueu a espada para o alto e avança na derrubada do preconceito. Assim
como caiu o muro de Berlim e um dia cairá o das lamentações lá em Jerusalém... Lá onde se encontra a fé indo em busca do céu
azul que pertence a todos, mas que poucos podem pegar e usar para pintar no seu
semblante a cor reluzente que cria o arco-íris.
Periferia...
terra que canta agora um refrão desenfreado, que declama de braços abetos seus
poemas iluminados pelo facho crepuscular do iluminismo e com ele dá de cara com
nova aurora que não é a boreal, mas que a leva de encontro ao desenvolvimento
sustentável...De mãos dadas com a sua gente e com os que moram depois da
ponte...Ela quer participar da renda nacional.
Periferia...Seu
povo agradece a quem do outro lado da ponte nos enxerga como gente, e nos ajuda
no empenho de salvar os nossos filhos... e consolidar a democracia e o
envolvimento das raças que se abrem para a nossa luta.
Obrigado
periferia, por um dia não mais pintar as
suas ruas de sangue do corpo da sua gente que acordou para a vida, antes que a
morte batesse a sua porta e levasse seus
filhos para sempre embora.
Que esse
sonho utópico de escritor se concretize a qualquer tempo, mas que não demore.
ZÉ SARMENTO
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