quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ARRIBA PERIFERIA!!!

Periferia:
arriba minha fera ferida,
estás pronta para se acalmar no colo abraçante da fraternidade.
Periferia...Terra digna e cheia de aptidão pra receber o recorte que cospe da modernidade um pouco do lucro dos poderosos que lucram com o teu descaso.
Periferia... Lugar recortado ...atado pelas correntes da falta de estrutura e do descaso.
Periferia, fostes esquecida durante os tempos que correram sem abrir os braços num gesto largo para reclamar dos teus fracassos e expugnar  os desagravos.
Periferia, terra  ferida e esquecida pela luz que poderia te luzir iluminada pelo poder público.
Periferia, sempre estiveste sangrando, caindo de dentro de ti, de teus becos escuros e delinquentes...nesgas de entulho que prima por limpeza e cuidado.
Periferia, esperamos que não adormeça em berço esplendido como um sonho que varou a noite, mas que no outro dia  se achou na realidade do caos.
Adelante periferia...Espaço que esteve desligado da chave do progresso durante anos, mas que por esse tempo encontrou,  nas lutas entre as classes que dominam a sociedade, um lugar  menos apagado  vindo do erário do estado, para patrocinar as bocas que criam imagem, refrão e querem pão.
Periferia... terra de gente pintada por diversas cores de raças que aqui aportaram para te construir falando diversos sotaques, desde  do norte ao sul, do nordeste ao centro oeste.
Periferia... Lugar de gente disposta a falar a mesma língua para deixar de comer as sobras do capitalismo selvagem, sobra de alimento dos ricos que te despreza, sobra da engrenagem que tritura tua carne nos solavancos das conduções.
Periferia ferida... que um dia resolveu parar de sangrar e se lamentar pelo sangue derramado dos teus filhos e que foi a luta.
Periferia que ergueu a espada para o alto e correu em busca de encontrar com quem lutar para dizer chega!...estamos cansados de ser paus mandados.
Periferia...Vejo que ergueu a espada para o alto e avança na derrubada do preconceito. Assim como caiu o muro de Berlim e um dia cairá o das lamentações lá em Jerusalém...  Lá onde se encontra a fé indo em busca do céu azul que pertence a todos, mas que poucos podem pegar e usar para pintar no seu semblante a cor reluzente que cria o arco-íris.
Periferia... terra que canta agora um refrão desenfreado, que declama de braços abetos seus poemas iluminados pelo facho crepuscular do iluminismo e com ele dá de cara com nova aurora que não é a boreal, mas que a leva de encontro ao desenvolvimento sustentável...De mãos dadas com a sua gente e com os que moram depois da ponte...Ela quer participar da renda nacional.
Periferia...Seu povo agradece a quem do outro lado da ponte nos enxerga como gente, e nos ajuda no empenho de salvar os nossos filhos... e consolidar a democracia e o envolvimento das raças que se abrem para a nossa luta.
Obrigado periferia, por  um dia não mais pintar as suas ruas de sangue do corpo da sua gente que acordou para a vida, antes que a morte batesse a sua porta  e levasse seus filhos para sempre embora.
Que esse sonho utópico de escritor se concretize a qualquer tempo, mas que não demore.
ZÉ SARMENTO

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