COMEDORS DE PRÉDIOS
Gostaria de ser uma floresta cheia de animais invisíveis aos olhos de pessoas que habitam este planeta.
Iria soltar meus bichos na cidade desumanizada entregue às corretoras.
Abriria o portal da liberdade deles pra um serviço de sutil presteza.
O alimento viria de prédios suntuosos com fachadas de vidro protetores do capitalismo destrutivo.
Meus bichos da grande floresta.
Famintos, começariam se alimentar de suas colunas subterrâneas.
Das ferragens internas não ficaria vigas intactas que meus bichos não abocanhassem.
Meus bichos comeriam suas ferragens no silêncio das noites insones.
O sinal do fim do apetite saciado dos meus bichos.
Seria uma festa que fariam pendurados nas árvores afastadas do centro.
Árvores que ainda não receberam visitas das serras elétricas.
Assistiriam de camarote o préidão tremer.
Na correria do povo passando para escapar da sua derrocada.
Ficaria para traz muitos produtos inoportunos que destrói o meio ambiente.
Com o monte de concreto e ferragens no chão.
Meus bichos deixaria mais uma vez a floresta.
Levariam sementes para jogar no novo terreno que acabou de ser recuperado.
Uma praça ali seria construída.
Brinquedos pra criança, pista de caminhada.
Fariam festa no fim de semana os moradores sem sombra no centro da cidade.
Uma biblioteca seria construída no meio da praça.
Receberia leitores ávidos por livros e literatura.
Oh, sonho doido de um velho que adora viver sua criança.
Menino danado que ainda insiste em viver pendurado em sua cacunda.