AQUI TEM HISTÓRIA-LITERATURA/CINEMA DIALOGAM
Conversa relevante sobre o meu livro OS MISERÁVEIS
DA SECA com um leitor especial no privado do Instagram.
Professor de roteiro de cinema da FAAP, roteirista
da TV Cultura e leitor exigente. Entrou com tudo neste livro pra viver o sertão
e seus pesadelos da fome. Zé Vicente, obrigado pela conversa franca.
#osmiseraveisdaseca 315 páginas, ano 2020, editora EEditora FiloCzar
Iniciei minha leitura.
Adorei a conexão histórica e
bibliográfica.
Os elementos oníricos da mãe
gigantesca comendo tudo e do protagonista que anda de cabeça pra baixo são
incríveis.
Muito subtexto e muitas coisas
ditas nas entrelinhas.
Estou adorando.
Rapaz, já chegou na loucura da
passagem do livro em que a mãe viaja sonhando com os filhos retirantes trazendo
um grande banquete...
Se vc está lendo de fato e
adiantado.
Tudo isso causado pela grande
fome.
Obrigado por estar gostando.
Reli o livro depois de editado,
e acho que fui longe demais com minhas divagações na criação desse romance
histórico ficcional. No final, vc como especialista, não sou, sou mais
criativo, solta o verba e diz a verdade. Rsss
Eu estou adorando.
Principalmente a parte lúdica.
A família se transformando em
atração circense é uma tristeza só.
Principalmente por todo
significado abstrato do todo.
Até os cortes de cabeça samurai,
que deveriam dar algum juízo, terminam na lambança e alienação.
Minha intensão com essa parte
circense, saltimbancos, teatrão...
No terreiro da tapera, pra mim
tem significado imagético sobre a luta do sertanejo pra sobreviver nos grandes
centros, e os que lá ficam, também sonham que eles tragam fartura na volta pra
casa, ou a passeio, ou pra ficar em definitivo. Pensei muito nos nordestinos
artistas que se apresentavam nas ruas no passado, e até hj como artistas.
Eu imaginei isso mesmo. É uma
sequência excelente. Foi o trecho que mais gostei até agora. Ele é muito
simbólico.
Depois dessa miríade de doidura,
o livro entra num transe mais realista, sem a ficcionalidade deixar sua pegada
abstracionista e poética sobre a vida difícil no semiárido nordestina. Tendo
como pano de fundo os efeitos da fome. E o amor de uma personagem que surge no
seio do que sobrou da grande família Silva.
Ah! É a Remédios, né? Tô
adorando ela.
Os nomes das personagens têm
tudo a ver com as participações de cada. Percebeu, né?
A região geográfica e
territorial do romance tem tudo a ver com o meu lugar de nascimento, região em
que vivi até os 19 anos. Então, por isso, a partir se certo momento do livro,
tem memórias fundamentadas nesse espaço com vivências com sertanejos
desarrumados de tudo relacionado a sobrevivência.
O mais difícil foi amarrar
ficção e realidade dentro desse contexto histórico, para tanto, me graduei em
História no ano de 2012. Ficou mais fácil pra pesquisar.
Tudo isso ainda trampando no
audiovisual como gaffer.
Olha só... Essa questão de
conectar história com vivência pessoal é uma baita riqueza. Um dos aspectos
mais interessantes do livro.
Não tinha percebido a relação
dos nomes dos personagens.
Vou reler alguns trechos e dar
atenção a isso.
Hehe. É assim. José Divino,
Maria das Dores, Maria Remédios, dos principais...
Tem a ver com o messianismo
nordestino.
Ah... É verdade. O Divino...
Muito bom.
É um livro para ler muitas
vezes. É cheio de detalhes nas entrelinhas.
Ah! Graças ao capítulo 20 do seu
livro eu descobri o significado da lenda urbana do papafigo.
Nunca que eu ia associar fígado
com figo.
É muito legal ver como uma coisa
ali se desencadeia em outra.
A língua portuguesa e suas
interpretações por território são muito ricos.
Por causa dessa lenda, no tempo
d'eu menino ficava muitas vezes preso dentro da minha humilde casa de taipa e
não saia para incursões pelas veredas sertanejas para brincadeiras. Era
conversa da minha mãe pra me segurar por perto, talvez pra ajudá-la em alguma
coisa. Tinha muito medo dos papafigo.
Eu já vi muito curta metragem
falando disso. Mas nenhum deles mencionou a verdadeira origem. Achei incrível.
Tô adorando o livro. Acabei de chegar na metade. Minha mãe tá lendo o Vazante.
Tá adorando, também.
Que bom que sua mãe está lendo
vazante. É sobre a descoberta do livro por um aposentado que entra em crise
existencial, por ter perdido a rotina. Fico feliz. Abraço.
Pausa... De uns dois dias.
Fala! Zé.
Só pra dizer que eu li uma frase
do teu livro que me arrepiou.
É quando você compara o
nordestino com o caminhão que leva o trio pra ver o padre milagreiro.
Você diz que o caminhão foi
feito pra ser forte e andar devagar. Como o nordestino.
Essa eu vou usar em sala de
aula.
Aí, sim. Porém, essa fortaleza e
vagareza servia para àqueles tempos calmos de falta de um tudo. Pra hoje em dia
já não vale. Os caminhões correm mais que automovíveis e os nordestinos andam
sobre duas rodas, a mais de 100km/h. Abraço e bom fim de semana...
Pergunta para os alunos se eles
sabem o que é um gaffer do audiovisual e que vc conhece um que foi profissional
por 40 anos, hj aposentado virou escritor. Rsss
Eles sabem. Muitos trabalham com
isso. Mas nenhum tem a sua história.
Aliás, vou divulgar seu trabalho
na faculdade. Ver se a livraria tem interesse em vender.
Vai ser ótimo.
Massa.
Tempo
Aliás, terminei o livro ontem.
Achei do cacete.
Adorei a metáfora dos filhos
peixes. Que coisa mais triste e ao mesmo tempo realista, embora fantástica.
Achei que vc ia gostar mesmo dos
7 filhos músicos, depois peixes... O nordeste fantástico pra sobreviver nesse
país difícil pros de lá de riba. Negando sempre ele para todos.
Abraço e boa semana.
Tem partes reais.
Eu adoro essa mistura de
realidade, biografia e fantástico. É um dos grandes trunfos do livro.
Minha escrita quase toda está
presente o realismo fantástico. No os miseráveis, Bixiga, Paraisópolis, um
pouco só no Ângela. Uma maneira que encontrei de dizer sobre as lutas do
sertanejo, nordestino pra achar um rumo pra suas mazelas.
Muito bom. Eu adoro isso. Agora
vou ler um livro de contos e depois parto pro Vazante.
Aí vou te falando.
Mandei dois corações pulsantes!
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