sexta-feira, 7 de julho de 2023

 

AQUI TEM HISTÓRIA-LITERATURA/CINEMA DIALOGAM


Conversa relevante sobre o meu livro OS MISERÁVEIS DA SECA com um leitor especial no privado do Instagram.

Professor de roteiro de cinema da FAAP, roteirista da TV Cultura e leitor exigente. Entrou com tudo neste livro pra viver o sertão e seus pesadelos da fome. Zé Vicente, obrigado pela conversa franca.

#osmiseraveisdaseca 315 páginas, ano 2020, editora EEditora FiloCzar

 

Iniciei minha leitura.

Adorei a conexão histórica e bibliográfica.

Os elementos oníricos da mãe gigantesca comendo tudo e do protagonista que anda de cabeça pra baixo são incríveis.

Muito subtexto e muitas coisas ditas nas entrelinhas.

Estou adorando.

Rapaz, já chegou na loucura da passagem do livro em que a mãe viaja sonhando com os filhos retirantes trazendo um grande banquete...

Se vc está lendo de fato e adiantado.

Tudo isso causado pela grande fome.

Obrigado por estar gostando.

Reli o livro depois de editado, e acho que fui longe demais com minhas divagações na criação desse romance histórico ficcional. No final, vc como especialista, não sou, sou mais criativo, solta o verba e diz a verdade. Rsss

Eu estou adorando. Principalmente a parte lúdica.

A família se transformando em atração circense é uma tristeza só.

Principalmente por todo significado abstrato do todo.

Até os cortes de cabeça samurai, que deveriam dar algum juízo, terminam na lambança e alienação.

Minha intensão com essa parte circense, saltimbancos, teatrão...

No terreiro da tapera, pra mim tem significado imagético sobre a luta do sertanejo pra sobreviver nos grandes centros, e os que lá ficam, também sonham que eles tragam fartura na volta pra casa, ou a passeio, ou pra ficar em definitivo. Pensei muito nos nordestinos artistas que se apresentavam nas ruas no passado, e até hj como artistas.

Eu imaginei isso mesmo. É uma sequência excelente. Foi o trecho que mais gostei até agora. Ele é muito simbólico.

Depois dessa miríade de doidura, o livro entra num transe mais realista, sem a ficcionalidade deixar sua pegada abstracionista e poética sobre a vida difícil no semiárido nordestina. Tendo como pano de fundo os efeitos da fome. E o amor de uma personagem que surge no seio do que sobrou da grande família Silva.

Ah! É a Remédios, né? Tô adorando ela.

Os nomes das personagens têm tudo a ver com as participações de cada. Percebeu, né?

A região geográfica e territorial do romance tem tudo a ver com o meu lugar de nascimento, região em que vivi até os 19 anos. Então, por isso, a partir se certo momento do livro, tem memórias fundamentadas nesse espaço com vivências com sertanejos desarrumados de tudo relacionado a sobrevivência.

O mais difícil foi amarrar ficção e realidade dentro desse contexto histórico, para tanto, me graduei em História no ano de 2012. Ficou mais fácil pra pesquisar.

Tudo isso ainda trampando no audiovisual como gaffer.

Olha só... Essa questão de conectar história com vivência pessoal é uma baita riqueza. Um dos aspectos mais interessantes do livro.

Não tinha percebido a relação dos nomes dos personagens.

Vou reler alguns trechos e dar atenção a isso.

Hehe. É assim. José Divino, Maria das Dores, Maria Remédios, dos principais...

Tem a ver com o messianismo nordestino.

Ah... É verdade. O Divino...

Muito bom.

É um livro para ler muitas vezes. É cheio de detalhes nas entrelinhas.

Ah! Graças ao capítulo 20 do seu livro eu descobri o significado da lenda urbana do papafigo.

Nunca que eu ia associar fígado com figo.

É muito legal ver como uma coisa ali se desencadeia em outra.

A língua portuguesa e suas interpretações por território são muito ricos.

Por causa dessa lenda, no tempo d'eu menino ficava muitas vezes preso dentro da minha humilde casa de taipa e não saia para incursões pelas veredas sertanejas para brincadeiras. Era conversa da minha mãe pra me segurar por perto, talvez pra ajudá-la em alguma coisa. Tinha muito medo dos papafigo.

Eu já vi muito curta metragem falando disso. Mas nenhum deles mencionou a verdadeira origem. Achei incrível. Tô adorando o livro. Acabei de chegar na metade. Minha mãe tá lendo o Vazante. Tá adorando, também.

Que bom que sua mãe está lendo vazante. É sobre a descoberta do livro por um aposentado que entra em crise existencial, por ter perdido a rotina. Fico feliz. Abraço.

Pausa... De uns dois dias.

Fala! Zé.

Só pra dizer que eu li uma frase do teu livro que me arrepiou.

É quando você compara o nordestino com o caminhão que leva o trio pra ver o padre milagreiro.

Você diz que o caminhão foi feito pra ser forte e andar devagar. Como o nordestino.

Essa eu vou usar em sala de aula.

Aí, sim. Porém, essa fortaleza e vagareza servia para àqueles tempos calmos de falta de um tudo. Pra hoje em dia já não vale. Os caminhões correm mais que automovíveis e os nordestinos andam sobre duas rodas, a mais de 100km/h. Abraço e bom fim de semana...

Pergunta para os alunos se eles sabem o que é um gaffer do audiovisual e que vc conhece um que foi profissional por 40 anos, hj aposentado virou escritor. Rsss

Eles sabem. Muitos trabalham com isso. Mas nenhum tem a sua história.

Aliás, vou divulgar seu trabalho na faculdade. Ver se a livraria tem interesse em vender.

Vai ser ótimo.

Massa.

Tempo

Aliás, terminei o livro ontem.

Achei do cacete.

Adorei a metáfora dos filhos peixes. Que coisa mais triste e ao mesmo tempo realista, embora fantástica.

Achei que vc ia gostar mesmo dos 7 filhos músicos, depois peixes... O nordeste fantástico pra sobreviver nesse país difícil pros de lá de riba. Negando sempre ele para todos.

Abraço e boa semana.

Tem partes reais.

Eu adoro essa mistura de realidade, biografia e fantástico. É um dos grandes trunfos do livro.

Minha escrita quase toda está presente o realismo fantástico. No os miseráveis, Bixiga, Paraisópolis, um pouco só no Ângela. Uma maneira que encontrei de dizer sobre as lutas do sertanejo, nordestino pra achar um rumo pra suas mazelas.

Muito bom. Eu adoro isso. Agora vou ler um livro de contos e depois parto pro Vazante.

Aí vou te falando.

Mandei dois corações pulsantes!

 

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