quinta-feira, 23 de julho de 2020

MEMORIAL DA CASA DE TAIPA ONDE NASCI


Memorial da casa de taipa onde nasci


No tempo d’EU menino
Aqui existiu uma tapera humilde abraçada por barro socado.
Refúgio para uma família
Com muitas crianças querendo mimo de braços de adultos
E comida no prato para saciar a fome. 
Uma escadinha no tamanho dos moleques
Apontava a cada dois anos...
Um óvulo fecundado.
Havia fervor no prazer de meu pai e minha mãe
Ao se amarem abraçados
Na quentura das noites sertanejas.
O catre pocilga de vara de marmeleiro
Amparava colchão de palha de junco
Sempre pronto para receber corpos se unindo para fazer novos filhos.
10 vieram ao mundo. 8 escaparam!
Meu eu menino tem em memória a pobreza.
Base movediça pra motivo de lágrimas
No rosto de Dona Francisca. Minha mãe!
Ela chorava escondida dos filhos
Em algum canto mal-cheiroso.
Roia restos de unha carcomida pela aspereza do sabão.
Lavava todo dia fedor de mijo de trapos da miserável família.




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