A minha cela
cubículo cabe sempre mais um,
é um coração
do tamanho do olhar de uma pessoa
que perdeu a
esperança no amanhã.
Alguém que
chega como retirante,
logo ocupa minha célula saboreando água e cafezinho.
Chegam
respirando ares de muita fome... Magros.
Quase sempre
sem maldade como mote para abrir portas.
O bem para
estes ainda inspira como palavra chave.
Estão sempre
dispostos a dizer amem, amem...
Com o tempo
e vendo tanta atrocidade nesta cidade,
logo se
armam para o combate,
enchendo o
peito com um novo coração que perdeu remorso.
Prepararam-se
para ir... Ou mandar para o inferno,
quem veio de
um ventre com muita terra para plantar.
A semente
que germinou na sua mente,
por esse
momento da nossa história,
ganhou muita
margem para se beneficiar do seu poder nefasto.
Está em
guerra entre classes que lutam por mais espaço,
sem levar em
conta os rastros de destruição que vão sendo registrados,
deixando
corpos enfileirados para serem sepultados,
peneirados
de bala, esquartejados de pauladas,
amarrado com
sete cordas em grossas árvores, postes,
quando já
não são perfurados por estocadas vindas de raivas seculares.
Zé Sarmento
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