Chorei! Vc escritor é desses que se emocionam quando um
leitor que se identifica com a tua criação, escreve uma pérola dessas? Sou um
desse visse! Ivy Menon Menon é uma
poeta, grande, pra mim, escritora de prosa. Pena que não tenho livro dela. A
leio aqui nas redes quando das suas publicações na sua fed. Não a conheço
pessoalmente, mas enfim é assim a arte da escrita. Por admirá-la lhe ofereci um
livro, e, diga-se de passagem, imitando o Neto, livro oferecido, particularmente
acho que quem recebe não ler, quando compra até de repente abre, dá uma
folheada, e pode até começar, porém...Não foi o caso a Ivy Menon, além de se
enfiar no livro ainda escreveu sobre, numa resenha que me deixou super
emocionado. Obrigado pelo mimo a este escritor ex-operário do audiovisual que
lutou muito pra se expressar na sua arte e ainda luta, por que de resistência
vive nóis da quebrada, retirante nordestino e cheio de gás memorial, de LÁ e de
CÁ, pra por no papel e virar romance, poesia, conto. PROSIA! Grato e abraço
deste Zé!
“Livro fechado é pássaro.
Livro aberto é asa.”.
Não poderia começar de outra forma, a falar do romance escrito por José
Sarmento, porque minhas asas se alargaram e ganharam alturas inimagináveis,
quando abri o livro “VAZANTE lá e cá” (Editora Selin Trovoar, 2022). E fiquei a
imaginar o céu brasileiro, coberto por uma revoada de pássaros desengaiolados
pelas histórias de dores e vitórias de Tonho Retirante e sua família. Dos
saraus/biqueirolândias, posso ainda ouvir o bater de asas dos viciados em
cheirar livros.
De imediato, afirmo que não é um livro que me fez chorar. No entanto,
uma angústia incomensurável me apertou a garganta da primeira à última linha do
romance. O ritmo da escrita de Sarmento, na fala de seu alter ego (quem é mesmo
alter ego de quem?) Tonho, filho de Joaquim de Moça, me tirou o fôlego. Os
sofrimentos de ontem, no sertão esturricado de sede, e de hoje, na caldeira a
mil graus de temperatura, se misturam num relato só. E não soube responder quem
sofre mais, se o pobre da roça, a morrer de fome, para enricar os coronéis
proprietários das vidas sertanejas, ou se o pobre urbano, carne para ser comida
em prol do crescimento do capital e das contas bancárias dos ricos do “Sul”.
Diz Tonho:
“O passado nos campos sertanejos não ficou para trás nos pesadelos
rememorando derrotas, fracasso, fome, sede, Morte. Morte dos conhecidos de lá e
cá. A morte do companheiro operário da grande metalúrgica até hoje tangencia
sua memória, enfiando pregos nos seus neurônios e sentidos, quando este foi
explodido junto com a caldeira que fervia areia para fundição. Seu corpo
estraçalhado foi jogado além, levando alguns que estavam mais longe a se ferir
com profusão. Depois desse dia, achava ser ele a próxima vítima do grande
capital dilacerado na explosão de caldeira, mangueira, cilindro de oxigênio,
uma cachoeira de ferro fundido no corpo. Tanger gado de proprietário de terra
explorador de mão de obra, sofrer derrotas nos ermos pelas estradas de novo
chão para se alimentar.”.
Mas não só de aflição se faz o VAZANTE, de Sarmento. A alegria de
conhecer os livros e a liberdade de adentrar um novo e infindo mundo, ou o
fascínio de se descobrir capaz de construir a própria história… Ainda: as
pequenas conquistas da mulher/companheira de luta e a presença amorosa dos
filhos e netos, ao redor da mesa, aos domingos… as primeiras experiências no
mundo digital. São tantas as felicidadezinhas que perpassam pelo texto que, o
leitor, como eu, corre o risco de não saber em que se segurar. Apenas garanto
que Tonho Retirante me segurou pelas mãos, do começo ao fim de sua história de
vida(s).
A poesia se agarra na primeira letra e caminha por todo o romance. Uma
poesia grandiosa feita de aflição e morte, mas também, e principalmente, de esperança
do eterno renascer das sementes jogadas no solo fértil, inundado pela última
chuva. Contraditório? Sim. Como a vida, claro.
:
“Mundo ingrato, que adora consumir pessoas pobres no psicológico e usar
o corpo como instrumento de produção”.
e
“Quando a chuva caía, os chapadões sorriam verdejando com pressa em
renovar a vida…”.
Não podia deixar de registrar: as ilustrações de João Pinheiro, são um
espetáculo à parte. Belíssimas. Primorosíssimas.
Que grata surpresa, Zé Sarmento. Obrigada por me presentear com VAZANTE
lá e cá. Recomendadíssimo. JURO.
Ivy Menon– escritora
Edit: para adquirir VAZANTE lá e cá, por favor, queridos amigos, vejam o
link nos comentários.
Uma grata surpresa, VAZANTE lá e cá, querido
amigo Poeta! Obrigada pelo presente. Baita privilégio, o meu!
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