AQUI TEM HISTÓRIA - DE ESTUDOS E PESQUISA
Num domingo à tardinha de Fevereiro do ano de 2008,
estava na sala da minha casa zapiando na TV comercial entre Faustão e Gugu,
para ver quem mais adquiria audiência
com as narrativas escabrosas produzidas por uma sociedade tencionada por
poder econômico a qualquer custo. Estava
tomando uma cachaça e brejas.Do sofá dei um pulo pra cima da TV e
gritei: Amanhã vou voltar a estudar.A família se assustou (surtou?) não entendendo
onde eu queria chegar com aquele despertar. No outro dia fui até a E.E
Presidente Kennedy no bairro do Campo Limpo, procurar saber sobre a modalidade
de ensino EJA.Tiro e queda. Tem documento aí. Tenho.Tome.Preencha essa ficha.
Ok.Assinado. Combinado. Começa tal dia, Senhor José. Obrigado. Por nada. Fui
pra sala de aula no dia marcado. Já tinha 4 livros publicados, aparecido na ilustrada da folha de São Paulo como “escritor de quatro livros
permanece inédito em vendas”, ou “a vida do escritor dá força as suas palavras”
com 3 estrelas para o livro URBANÒIDES, Um Caos Paulistano, matéria do Marcelo
Rubens Paiva.Um ano e meio depois tou eu
assinando uma folha na mesma escola e retirando o certificado do Ensino Médio...E
aí Zé?Era pergunta de mim pra mim. Sempre me fiz perguntas, sempre me
cobrei.Não vai ser o primeiro de oito filhos a ter um curso superior.O Enem tá logo
aí, mano veio, se inscreve, meu.Me dei um beliscão.Experimenta.Me dei um pé na
bunda como sinônimo de empurrão e me inscrevi. Fui bem na nota de corte.Levou-me
para o curso de história.Era o que eu queria. Sempre gostei muito de pesquisa.
Juntar ficção e realidade é pra mim, criar e estudar. Três anos depois fui
graduado/licenciado e com essa pegada de voltar à sala de aula, depois dos 50
anos, hj sou todo contentamento quando me deparo com turmas da EJA e CIEJA e
turmas do fundamental e médio contando histórias que não é para boi dormir nem
da carochinha, e meter poesia social nos ouvidos de alunos, no projeto,”todo
aluno de escola pública merece um escritor periférico no pé dou ouvido”. É nóiz
na luta periferia. Vc não pode desistir dos seus sonhos. Eja, Cieja táí, volta estudar marrento!
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