ÓBITO ÓHBITO
HÓBITO
Uma agonia
sentir angustiado.
As imagens
me fazem angustiado.
As audições
me fazem angustiado.
As
necessidades me fazem angustiado.
O dia segue angustiado.
Óbito óbito
óbito!
A noite
chega e continuo angustiado.
Óbito,
óbito, óbito!
Ah, esse
isolamento sem distanciamento.
Tudo por ver
e ouvir sobre a morte que não largo a foice. Óbito!
Anda de dia
e de noite obitando pessoas.
Em todo
mundo. Óbito óbito óbito!
Quem mais
estava pela hora da morte são os que mais caem. Óbito!
Sorrateira
ela anda por vias escuras, estreitas.
Não importa
não. Iluminadas. Largas. Qualquer hora em todo lugar. Óbito!
A vigilância
da cidade está cuidando de outros assuntos. Macabros!
As pessoas
estão em seus aposentos. Pavor. Óbito!
Presas em si
mesmas com medo de dá de cara com espirros de óbito.
Todas angustiadas.
Acham que serão a próxima vitima.
A morte por
esses dias anda com cara de mau. Impiedosa.
Mascarada
pelo ódio ou pelo amor de tirar uma vida que já não existe.
Ou que
existirá muito.
Ela impõe
medo. Óbito!
Sabe todos
que estão trancados em suas casas que é hora de vigilância.
Hora de
limpar as mãos como nunca.
Até mãos que já esganaram mulheres estão em
vigilância.
Até mãos que
manusearam dinheiro sujo estão em vigilância.
Em luta com
o sabão. Óbito!
Nos
hospitais e casas de repouso a morte está mais presente. Apetitosa. Por óbito!
Ela ama
estar nesses lugares.
Com calma
ela vai prolongando a agonia do doente.
Então chega
uma hora que desfecha sua foice. Óbito!
Dá muitas
gargalhadas vendo um amontoado de paciente entubado.
A maioria
que não tem como entubar. Ela leva primeiro. Óbito
Geralmente
aqueles doentes pobres, das franjas da cidade. Óbito!
Esses não
são contabilizados como morto infectado.
Ah, foi o
coração fígado falta de ar nos pulmões. Óbito!
Cadê as
máquinas! Grita a multidão tirando reservas de ar dos peitos.
Cadê as
máquinas de ventilação para os doentes pobres?
Vai morrer
mais da minha gente do que da gente outra.
Agentes de
saúde não dão conta de tanta gente na fila para cuidar.
Escolher quem
vai morrer é um dilema que angustia.
A
granfinagem tem de onde tirar e a quem cuidar.
Ah, essa
angustia que não me larga nem na hora de profundo sono.
Haja
pesadelo...Haja óbito, óhbito, hóbito!
E desgoverno com chacota exorbitante e sem pranto.
Um comentário:
Triste realidade
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