domingo, 26 de julho de 2020

MEMORIAL DA PONTE DE TÁBUAS



Memorial da ponte de tábua

Essa estreita ponte nasceu ao momento da construção da rua 16, ao fundo. 
Liga a vila às outras áreas do perímetro. 
Teve um tempo que ela ficou sem as tábuas. 
Eu em menino usava os trilhos de ferro para atravessar ao sair do ginásio. 
Ia para minha casa que ficava na favela pé de serra. 
Eu era um menino equilibrista. 
Não cheguei a cair lá embaixo no leito do rio seco. 
Muitas crianças não tiveram a mesma sorte. 
Alimento bom para a memória, recebo como presente agora. 
De quando o rio enchia nas chuvas fortes em algum período. 
Pular dessa ponte e sair arrastado pela correnteza era uma festa. 
Câmeras de ar de caminhão e paus de bananeira
Dobravam a alegria dos meninos ao sair puxados pela correnteza. 
As nuvens se precipitando prolongava a alegria. 
Sertanejo muda muito de humor nas chuvas. 
É quando a alegria assume lugar da tristeza.
E deixa de migrar como retirante pra São Paulo.




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