Memorial das tamarineiras
Nesta
estrada Eu menino muito se assustava.
À
noite, qualquer movimento de galho de árvore
Multiplica a sensação de pavor a quem já anda amedrontado.
A escuridão se acentuava nas noites em que a lua não brilhava.
O
pavor de atravessar essa estrada
Cresceu quando do surgimento de cruzes às suas margens.
Estes
tamarineiros
Em
resistências inabaláveis aos machados e serras elétricas
Não se curvaram à ganância do homem.
Ainda
hoje, essas árvores, quase centenárias
Fazem sombra para passeios demorados dos moradores.
Visitantes vem desfrutar da sua beleza.
Eu menino muito passou aqui de dia e de noite.
Ganhou
algum dinheiro na colheita de suas vagens.
Subia nos galhos e balançava para cair os frutos azedos.
Eram vendidos para o Recife e lá viravam doces.
Doce vida leva a população da minha vila
Quando
passeiam despreocupados embaixo das sombras.
E
não sonha mais migrar para São Paulo!
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