quarta-feira, 29 de julho de 2020

MEMORIAL DA ALAMEDA DAS TAMARINEIRAS



Memorial das tamarineiras 

Nesta estrada Eu menino muito se assustava.

À noite, qualquer movimento de galho de árvore

Multiplica a sensação de pavor a quem já anda amedrontado. 

A escuridão se acentuava nas noites em que a lua não brilhava. 

O pavor de atravessar essa estrada

Cresceu quando do surgimento de cruzes às suas margens. 

Estes tamarineiros

Em resistências inabaláveis aos machados e serras elétricas

Não se curvaram à ganância do homem. 

Ainda hoje, essas árvores, quase centenárias

Fazem sombra para passeios demorados dos moradores. 

Visitantes vem desfrutar da sua beleza. 

Eu menino muito passou aqui de dia e de noite. 

Ganhou algum dinheiro na colheita de suas vagens.

Subia nos galhos e balançava para cair os frutos azedos. 

Eram vendidos para o Recife e lá viravam doces. 

Doce vida leva a população da minha vila 

Quando passeiam despreocupados embaixo das sombras.

E não sonha mais migrar para São Paulo!

 

 

 

 

 

 


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