AQUI TEM HISTORIA NO AUDIOVISUAL
Ao virar profissional do audiovisual no início de 1980 na boca do cinema paulista, ganhando bem nas produções dos longas-metragens e publicidade, achei que tinha virado um nordestino RICO, ora, cheguei em Sum Paulo preparado pra qualquer serviço, vinha de ser boia-fria por mais de 5 anos nos campos irrigados da minha paradisíaca São Gonçalo, distrito de Sousa, PB, então filmando em casas e locações da elite paulistana ou burguesia do primeiro escalão com atrizes e atores famosos ou bonitos modelos(as), isto me envaidecia, conseguia, inclusive, mandar dinheiro pra casa da minha mãe e pai, com isso ajudava nas despesas dos irmãos que lá ficaram, alguns ainda em crescimento e momentos de estudos técnicos em agronomia em outras cidades sertanejas, para tanto precisavam levar mantimentos pra suprir necessidades básicas. Muitas vezes dava vontade de entrar numas de comprar um carrão do tipo que usava os diretores de publicidade, os filhos de bacana, logo me vinha o pensamento de que poderia faltar grana pra bancar meus 4 filhos e a reforma da casa que havia recém adquirido no bairro do Campo Limpo, ou é Capão Redondo? Risos.
A ficha na cabeça desse cabra caiu dizendo que eu não era nada disso, de ser classe média, logo depois de pesquisar e escrever o livro Paraisópolis, caminhos de vida e morte em 2000, editado em 2002 pela Editora Zouk com financiamento de edital público da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo, edital em que o agente cultural tinha que correr atrás das empresas para patrocinar o projeto. Diferente de hoje que tem os financiamentos direto pra alguns projetos. Consegui convencer uma empresa de locação de material de luz pra cinema me patrocinar. Cinecidade Locações Produções do querido Jose Macedo (Jamelão).
Pra ficha cair em definitivo e mostrar que eu não era mesmo pertencente a elite do cinema, nem daqui nem da China, e entrar com tudo na turbulenta e politizada luta de classes, me caiu a ficha de estudar história com graduação com licenciatura, graças ao ProUni, mas só depois de fazer o ensino médio na modalidade de ensino EJA. De lá pra cá minha escrita pra meus romances e os textos que escrevo pra falar nos saraus ficaram mais contundentes nos pormenores de que sou um pé rapado pertencente a pobreza das margens e que continuarei a ser rejeitado como um ser pensante que escreve sobre seus páreas, pra deixar registrado que a luta de classes terá que existir e seguir em frente, sem entregar a rapadura raspada na boca da elite que quer nos ver preparados para ceder a ela nosso couro e carne de primeira, quando se é novinho, carne de pescoço e osso quando se é um coroa como eu.
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