sexta-feira, 26 de junho de 2020

CASA VAZIA


CASA VAZIA
Minha casa do barulho virou silêncio cortante.
Da cozinha não chega mais o chiado da panela de pressão.
Nem o cheiro do feijão.
Da máquina de lavar adeus o barulho do enxáguo.
Do tanque a roupa sumiu, a torneira secou.
Ah, a zoada das músicas dos jogos eletrônicos!
Não incomoda mais a mãe que gritava enfática:
Feche essa porta! baixe esse som!
Tudo é silencio.
Até a TV calou por ter se aquietado num canto o controle remoto.
Muitos anos que não via minha casa sem vida, apagada, fria.
Uma casa vazia enche o peito de saudade.
De desafio para suportar-se só.
Sabendo que os filhos engoliram o mundo.
José Sarmento

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