AQUI TEM HISTÓRIA.
E COMO FOI BOM SE GRADUAR EM HISTÓRIA.
Passei anos escrevendo o livro, "Os Miseráveis da Seca", na terceira pessoa. Quando achava que tinha colocado um ponto final,
rebuscando as ideias, me chega uma luz crepuscular dizendo: Zé, tá faltando
alguma coisa, bicho!
Dei um pulo para dentro da consciência, depois de passar mais de 16 anos imerso na sua criação, então ela me fez passar mais dois anos pra trazer o livro para a
primeira pessoa. Aí o revisor falou: gosto da narrativa em primeira pessoa e rever estéticas, falas, narrativas. Traz
o leitor para dentro da história. Depois de entrar mais no livro, o revisor
falou: meu nobre, teu livro é bom demais, tens me obrigado a consultar o
dicionário, essa mistura do rebuscado com o popular, me encanta. Cada vez que
ele entrava no livro: tenho tido pouco trabalho, um ajuste aqui, outro
ali. Homem de palavra rebuscadas, porém com aquela pegada e aspas dos sertanejos
coloquiais. Cara é o livro da tua ‘vida’, tinha que ter uma dedicação longeva.
Estou lendo com muita atenção e encanto, Zé, e parando alguns instantes para
saber o significado de alguns verbetes. Cara é uma história triste e bela, popular
e erudita. A luta, a seca, a fome, a existência ordinária, a luta pela vida.
Ah,
livro véio de guerra dificultoso pra nasce, meu amigo, da mão de um operário de
luz e elétrica do audiovisual, se roteirista fosse, e se o livro fosse um roteiro seria pá e bola, roteiro não requer tanto espetáculo verbal! Zé achei o capítulo 10 emocionante demais, a passagem da tua mãe vendo
ouro na mala de teu pai. Mas o personagem não sou eu nem a mãe do livro é minha
mãe, isso é tudo invenção, o livro não é da minha história, é ficção fantástica. Hahaha! Mas
rapaz, o teu texto em primeira pessoa e a sofreguidão presentes, com uma
riqueza de detalhes típicas de quem viveu situação semelhante, te colocam
dentro da cena e vivendo aquilo como autor/narrador, embora tenha imaginado não
ser vc pelo tempo. Canudos e as revoltas são distantes da tua contemporaneidade
de menino sertanejo. Meu nobre, tua história cada vez mais envolvente e
prazerosa.
Meu caríssimo, bom dia! É uma grande responsabilidade, além de uma
honra, revisar a tua epopeia. Como te disse antes, tenho aprendido muitas
palavras e expressões novas. Conhecimento nunca é demais. Querido Zé, somos dois
operários da palavra, meu nobre. As modificações e comentários que por ventura
faço, são apenas humildes observações de um leitor e admirador do teu trabalho.
Bom dia, querido Zé, dos 45 capítulos, falta revisar 14, te envio assim que
terminar.
Bom dia caríssimo. Te envio até o fim dessa semana o livro todo
revisado. Desculpe a demora. Abração e boa semana.
Caríssimo companheiro, boa
tarde! É com grande alegria que comunico que meu trabalho de revisão do teu
livro está findado. Perdoe a demora e o tempo. Foram mais de três meses de
minuciosa revisão, zelo exagerado em ler e reler a obra da tua vida procurando
aqui e acolá, algo que destoasse, involuntariamente, de belíssimo e emocionante texto.
Agora é partir pro abraço, voar e alimentar mentes ávidas por leitura e
conhecimento aquilo que sabe fazer de melhor. E continuar ao pé do ouvido de
uma juventude que necessita carinho, atenção e oportunidade, agora mais do que
nunca. Obrigado pela confiança que teve em mim para tamanha responsabilidade. Sinto-me
honrado e de dever cumprido. Fraterno abraço! Do teu amigo", o revisor Leonardo Guandelino.
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