CONTO 4
Dos frutos bons da terra irrigada pelos estreitos e largos canais, se mastigava
o que enchia o vago do estomago com prazer presunçoso.
Nos descampados sem árvores frutíferas, mães parideiras não deixavam teta
grande cheia boa de mamar faltar às crianças o leite materno.
Lembra que nasciam aos montes guris concebidos em camas sempre quentes,
esperando a chaminé da fabrica acender para produzir muitos nenéns sem teréns, de futuro incerto.
Meninas criando penugem no seu lugar proibido faziam moleques viajar na
perdição, pensando sobre como seria bom se relacionar corpo a corpo com ela
escondido nos matos que dessem pra esconder corpos quentes.
Quando ocorria de se entregar com amor febril, logo ia a menina moça
contar a mãe, que depressa ia contar ao
pai quem tinha bulido na sua parte
proibida de ser tocada antes do casamento.
Certas denúncias de relacionamento mais sério de moços e moças, às vezes,
decorria em longo prazo, quando a barriga da moça se estendia mais volumosa à
frente. Nesse caso, não se casasse com quem a embuchou, virava rapariga com furor
nos olhos cheios de lágrimas, por ser expulsa de casa pelo pai austero machão.
Era tempo dele menino também estar recebendo pêlo, crescer os peitos por
hormônio masculino virando também machão para os ditames do sertão.
Testosterona se formava na carne, sobrando dessa produção hormonal, mais
a fantasia, vindo à realidade sobressair nos animais cabrita égua jumenta. Nelas
os moleques retiravam energia da juventude sem a amnésia de culpa.
Tinham necessidades de alimentar não só a fantasia as meninas meninos, pelos
hormônios dos dois sexos virem em visita ao corpo que se deslanchava aumentando
o preço da carne.
Abria fissura nos olhos dos moleques
meninas botando corpo, quando se deixavam vestir-se de shortinho para
sair sobre o calor braseiro do Senhor.
Também sonhava com esperança de que moleque ainda novo, e filho de classe
melhor amparada no colo da sociedade local, a assumisse retirando da casa dos
pais, dando agasalho nos abraços, na comida, no cobertor, e muitas crias pro futuro não ficar
incerto, e os filhos sem sangue de melhor correr pelos canudos das veias.
Ganhar sangue azulado como a atmosfera do mesmo céu, era o pensamento da
menina menino mais esperto, de se casar com alguém de família com cabecinhas de
gado num curral apartado, alimentado por capim cultivado sobre fertilizada
terra preta, ou dezenas levadas pro matadouro.
Pensamento envolto por nuvens fecundas, a fazia sonhar em mudar de rumo
no ramo das aplicações de como pegar marido bom de cama e gaita.
Ganhando vaquinha leiteira depois de neném no colo e o filho preso aos
braços esperando emprego público, garantia se sobressair junto aos demais de pobreza endêmica.
Nem sempre dava certo em se casar depois de bulida à menina em fase de
crescimento, pelo pai do mancebo ter negado assinatura no cartório.
Muitas tinham única saída, servir pra chacota de marmanjos a chamando de
rapariga, e querê-las levar pro mato os marmanjos, ou a moça ir parar na famosa
zona mais perto do prazer dos homens que frequentavam o baixo meretrício.
Eh! vida arteira de infância sem cálculos matemáticos, sem conjunções
aditivadas no comprido das falas, sem o complexo nexo dos verbos conjugados
dentro da lei do seu tempo, sem a sintaxe overdose de pró-nomes, adjetivos feios
vindos por apelidos excêntricos que cada um ganhava no linguajar de moleques
criativos.
Era o calor do meio dia deixando arteiro quem tinha tino pra arte, na
escala Celsius passava dos 40 graus ao sol a pino sem nuvem no caminho do
destino.
Era a terra aberta em erosão de aluvião vermelhão no tempo bom de chuva
forte.
Era a mão do agricultor carente asperamente envolvida com as ferramentas levantadas
pro céu, rezando doidamente a fim de ver a água correr furando oco das brenhas.
Quando da negação da chuva, a erosão surgia na sua tristeza, na boca do
estômago, com os ombros carregando a cruz de cristo por promessa enviada ao
santo da devoção.
Lembra como o tempo abria porta que não queria abrir, nas chuvaradas, por
exemplo, quando o tucunaré com pirão fazia dente moer cachaça em talagada lá no
restaurante catete, comprada em meia garrafa por quem não achava dividendos pra
garrafa inteira.
Sorridente por dentro vinha moleque da bodega de dona Zefa, venda enfiada
debaixo das mangueiras, ao lado das bananeiras, bem perto dos sítios de
coqueiro.
Bicicleta pedalava pernas ligeiras para ir de encontro à venda.
Beiços lambidos perdidos na poeira dos arados dos tratores ficavam
ansiosos por talagada em roda animada por gente com gosto pra ficar contente
por algum tempo, pelo menos ao momento de durar na cabeça o efeito da cana.
Tratores, jipes, caminhões no vai e vem do perímetro levando técnicos
agrícolas, trabalhadores braçais davam
carona a rapaziada roceira como viajante da diversão na volta pra casa depois
do dia na lida.
Sanfona, pandeiro, triângulo, zabumba botavam corpos tristes alegres nos
fins de semana, esperando ter feito um bem dos diabos aos animados casais, estes
compartilhavam vontades próprias de se casarem daqui um ano, se o inverno fosse
de pouco alvorecer aurora, daqui seis meses, se fosse de muito alvorecer aurora,
ou quando os grãos enchessem sacos paiós silos prontos pra esperar nova seca, ira
dos demônios.
A gruta da santa Nossa Senhora de Lourdes recebia subindo íngremes degraus, joelhos de casal nubentes e velhos de membros
tortos, crentes que no sofrimento de usar parte do corpo como assento
rastejante, receberia garantia que a filharada que viria, traria na astúcia, saúde
e água com fartura no decorrer dos anos.
Mesmo com as artimanhas de tempo insano vez ou outra, melhor era o que se
passou, em vista do que agora são essas coisas que vêm dos infernos
urbanísticos, no caudal ir e vir dos dias de hoje pela urbana city São Paulo.
As lembranças arrefeçam de dentro do menino, como ondas em caudal nos
arrecifes, pelas lágrimas virem visitar quase sempre, a quem só nasceu pra
enxergar, sem propósito em ter que divisar, com as malquerenças dos sitiados
cidadãos da urbe humana.
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