sábado, 8 de dezembro de 2012

MISTUREBA








Ano bom esse que estar prestes a acabar, 2012, ano de palestras, de trabalhos cinematográficos como gaffer iluminador, tipo assistentes de grandes diretores de fotografia, profissão que me dá sustento financeiro pra viver com dignidade desde o inicio dos anos 80, quando comecei trabalhando em filmes de longa-metragem, curta, com diretores de renome como João Batista de Andrade, Tata Amaral, Eliane Caffé, Walter Hugo Khouri e tantos outros, em publicidade com Fernando Meireles na O2 filmes, faz um tempão que não trabalho nela nem com ele, virou internacional, e tantos nomes da publicidade com quem trabalho hoje em dia, meus livros me levaram às palestras, meus trabalho me levaram a criar 4 filhos, hoje rapazes, mas ainda tenho um de 12 que requer toda atenção, filhos que me levaram a separa-me da literatura por um tempo, foi que em 2000 quando Marcelo Paiva fez reportagem a meu respeito e dos livros pra ilustrada da folha, os trabalhos de cinema começaram a diminuir, e eu não entendi porque, será que foi ciúme do mercado? sei que tive de largar literatura e partir pra minha profissão de cabeça erguida, oras bolas, precisava cuidar dos meninos, cujas  ruas não ganharam eles de mim nem as correrias das motos retiram da escola, assim, depois de criados e encaminhados  cada um na sua área de atuação profissional, não em cinema, me dei ao direito de ir novamente em busca de  enraizar e fazer mais conhecido meus livros, minhas letras, razão que descobri os saraus para dar esse pontapé, eu era o escritor romancista da periferia que nem a própria periferia conhecia, o Ferréz já me lia e eu o lia, leio, de um modo geral está sendo muito bom que meus livros cheguem até os leitores, do tipo como acabei de fazer, deixar cestas de livros em comunidade onde é frequentada por pessoas, jovens que precisam encontrar na leitura um suporte para o futuro, como ontem depois de correr no parque Santo Dias, na saída acabei me deparando com uma mulher que tinha acabado de ver a cesta e pego o BIXIGA pra ler, quando cheguei nela e me apresentei como o autor do livro, contentes e lisonjeados ficamos em saber que ela estava frente a frente com o autor  e que o autor acabava de conhecer um novo leitor, muito bom.Firmeza!
Quatro livros prontos, o difícil é escolher qual publicar o ano que vem: Ângela Um Jardim no Vermelho (completa a trilogia de livros de Bixiga e Paraisópolis) Abaixo o Amor Que Mata, Do Céu Ao Purgatório, e Miseráveis de 100 Anos de Republica. Esse vai dar mais despesa, vou precisar encher o saco dos meus mecenas pra mim arrumar mais dinheiro, livro de mais de 350 p. que escrevo a mais de 13 anos.Quem sabe dê na telha e ele seja o 1º da fila.

sábado, 17 de novembro de 2012

MORTE NA CASA DAS ROSAS

O arquiteto Arthur Azevedo vivia com ódio saltando pelas ventas,
atirando tufo de fogo pra todo lado,
por ver de onde estava...no céu ou no inferno...
que sua mansão tinha se transformado
num harém para prostituir a arte.
Não gostava do que via ser representado sem inibição
pelos artistas filhos da elite paulistana.
Achava que as obras que ali frequentavam sem passado
era arte criada sem conexão com a realidade dos tempos,
Ex: Tempo de uma sociedade periférica que grita por mudança social.
Para dar andamento ao que se propôs fazer,
surgiu da penumbra do jardim
entrando pela porta  já com a faca em riste,
e num ínfimo andamento em que um autor lia seu texto,
gesticulando pra todos os cantos e pra todos os ventos,
babando no papel  sua criação,
levou a lâmina  rasgar  carne de primeira,
indo direto ao coração.
Pulando com pressa para outro autor,
chegou a tempo de encontrá-lo ainda pelo meio do poema,
quando o fez sangra pela altura do abdômen.
Um grito de horror se ouviu pelo  casarão  
e por toda Avenida Paulista,
vindo se despregar das paredes
algumas pinturas de grandes artistas do passado.
Estavam com medo de serem confundidos com autores contemporâneos.
Arrastando a lâmina... Tripas saíram deixando o oca a barriga.
Grande quadro acha que criou fazendo aquele intestino
se expor como uma pintura barroca.
Depressa foi a outra sala com o povo indo atrás,
achando ser uma peça encenada com maestria de veracidade.
Encurralado entre o encontro de duas paredes,
ficou sem ação outro canastrão.
Os presentes davam ao momento, movimento de êxtase.
Outro artista saiu em busca de proteção protegendo no peito sua ultima criação.
Na fuga acabaram visitando algumas salas,
destruindo instalações de artistas
que gritavam com as mãos na cabeça.
Não destrua minha arte!! Não destrua minha arte!!!
Destruída a arte contemporânea,
morto o último perseguido com uma facada nas costas,
a plateia começou a aplaudir a encenação,
mas ao mesmo tempo começaram a fugir quando a ficha caiu,
Pelo surgimento de grande aparato policial.
Desse dia em diante
a Casa das Rosas nunca foi à mesma.
Teve que abrir as postas para toda sociedade
que cria sua arte e quer expô-la sem descriminação.
Zé Sarmento

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ARRIBA PERIFERIA!!!

Periferia:
arriba minha fera ferida,
estás pronta para se acalmar no colo abraçante da fraternidade.
Periferia...Terra digna e cheia de aptidão pra receber o recorte que cospe da modernidade um pouco do lucro dos poderosos que lucram com o teu descaso.
Periferia... Lugar recortado ...atado pelas correntes da falta de estrutura e do descaso.
Periferia, fostes esquecida durante os tempos que correram sem abrir os braços num gesto largo para reclamar dos teus fracassos e expugnar  os desagravos.
Periferia, terra  ferida e esquecida pela luz que poderia te luzir iluminada pelo poder público.
Periferia, sempre estiveste sangrando, caindo de dentro de ti, de teus becos escuros e delinquentes...nesgas de entulho que prima por limpeza e cuidado.
Periferia, esperamos que não adormeça em berço esplendido como um sonho que varou a noite, mas que no outro dia  se achou na realidade do caos.
Adelante periferia...Espaço que esteve desligado da chave do progresso durante anos, mas que por esse tempo encontrou,  nas lutas entre as classes que dominam a sociedade, um lugar  menos apagado  vindo do erário do estado, para patrocinar as bocas que criam imagem, refrão e querem pão.
Periferia... terra de gente pintada por diversas cores de raças que aqui aportaram para te construir falando diversos sotaques, desde  do norte ao sul, do nordeste ao centro oeste.
Periferia... Lugar de gente disposta a falar a mesma língua para deixar de comer as sobras do capitalismo selvagem, sobra de alimento dos ricos que te despreza, sobra da engrenagem que tritura tua carne nos solavancos das conduções.
Periferia ferida... que um dia resolveu parar de sangrar e se lamentar pelo sangue derramado dos teus filhos e que foi a luta.
Periferia que ergueu a espada para o alto e correu em busca de encontrar com quem lutar para dizer chega!...estamos cansados de ser paus mandados.
Periferia...Vejo que ergueu a espada para o alto e avança na derrubada do preconceito. Assim como caiu o muro de Berlim e um dia cairá o das lamentações lá em Jerusalém...  Lá onde se encontra a fé indo em busca do céu azul que pertence a todos, mas que poucos podem pegar e usar para pintar no seu semblante a cor reluzente que cria o arco-íris.
Periferia... terra que canta agora um refrão desenfreado, que declama de braços abetos seus poemas iluminados pelo facho crepuscular do iluminismo e com ele dá de cara com nova aurora que não é a boreal, mas que a leva de encontro ao desenvolvimento sustentável...De mãos dadas com a sua gente e com os que moram depois da ponte...Ela quer participar da renda nacional.
Periferia...Seu povo agradece a quem do outro lado da ponte nos enxerga como gente, e nos ajuda no empenho de salvar os nossos filhos... e consolidar a democracia e o envolvimento das raças que se abrem para a nossa luta.
Obrigado periferia, por  um dia não mais pintar as suas ruas de sangue do corpo da sua gente que acordou para a vida, antes que a morte batesse a sua porta  e levasse seus filhos para sempre embora.
Que esse sonho utópico de escritor se concretize a qualquer tempo, mas que não demore.
ZÉ SARMENTO

sábado, 27 de outubro de 2012

CRÔNICA RAIVOSA



(Quando escrevi esse texto tava  muito desiludido com a literatura e sem grana, assim mesmo continuei escrever e desde esse dia preparei alguns títulos para futuras publicações. Fazer o que, em? Tá no sangue e nessa’lma de escrivinha-dor.)

Como posso escrever qualquer bobagem que deixe de sê-la,
se tudo em mim se revolta por dentro,
Mim devolvendo ao  passado,
Quando aos poucos me encontro querendo me jogar no lixo aonde dormem os porcos?

Dane-se a leitura dessa gente que se acha frescamente abanado,
Pelos sabedores do vento da rasteira,
Produzidos pelo latifúndio da intelectualidade medíocre!

Dane-se a literatura,
Essa que não é. Está Dito!
Mas que por algum motivo escuso,
Alguém que se acha no direito de fazer de trouxa os tolos em dizer que é porque é!

Dane-se quem se preocupa com essa linha da arte,
Que por hoje não engata simples primeira marcha em direção à criação literária de vanguarda!

Vou pôr no entulho e preparar pra a fogueira,
Tudo que leve escrito o que saiu desse sentimento mesquinho.
Página sobre página não ficará incólume das chamas.

Como fui me preocupar com essa praga que se chama leitura,
Que mais adiante fez nascer em mim à ânsia de criar literatura?
Poderia esse que vos esclarece e escravo do saber,
Não ter se preocupado com nada relevante a leitura de qualquer gênero literário.
Estaria livre dos pensamentos hediondos criados ao longo do tempo,
Pela maneira de viver segurando um livro aberto sob o lusco fusco d’uma lâmpada amarelada,
Para tentar focar a alma.

Como fui gostar dessa bobagem de querer saber desde menino sobre as histórias escritas?

Entendam a minha revolta.
Da literatura não tirei vintém que desse pra alimentar neném.
SE FODA A LITERATURA COM LETRAS MAIÚSCULAS E GARRAFAIS.
Minúscula se tornou essa área da arte para mim de hoje em diante,
Pela desgraceira que fizeram dela ganhar páginas com embustes medíocres.

Não posso mais ver uma página sequer em branco, escrita quero rasgá-la.
Estas não mais me auxiliam me excitando na criação para ver passar o tempo,
E na ociosidade fazer algo prestável,
Mim exorcizando de alegria basbaque,
Pela alegria da criação da escrita ter dado a luz.

Vou de agora em diante matar o tempo com bobagem.
Vou pro boteco da esquina.
Pra sinuca.
Pro futebol.
Pras Putas! Elas que limpem as bucetas,
E me ceda  a preço de custo.
Chega de ficar preso ao computador
lendo os disparates daqueles que não tem o que fazer,
se aparelhando de gordura,
Recebendo o corpo o formato da pera.
Chega!
As crianças pedem socorro.
Estão crescendo e querem usar nike,
Passaram do tempo que engoliam qualquer marca.
Chega!
Tou cheio de me preocupar com a passada vida literária de grandes nomes da escrita do passado,
De saber dos que escrevem a esse tempo que corre alheio as causas relevantes da sociedade.
Quero é sair por aí, me espairecer sem pensar em ler e escrever.
Só quero ver e sentir d’agora em diante,
O aroma desumano que transporta pela existência,
Essa gente que se diz relevante pras coisas da arte.

Tou cheio da luta para editar um livro.
Tou cheio de ficar pendurado nos ouvidos dos amigos pedindo que se arvore no mecenato. Foda-se a leitura, a escrita!
Vou suportar ver de hoje em diante somente páginas brancas e olhe lá.
Sem o aparato das letras me consumindo às vistas.
Terei que suportar a carga da inadimplência de escrever
para supostamente lavar a alma,
Como dizem  muitos que escrevem
Achando eu ser mentira, pois acho que querem mesmo é aparecer.
Chega!