No país da desigualdade,
da hipocrisia, da divisão de classe, raça, cor, gênero,
ando desanimado.
Para quem leva os 3 pês nas andanças cotidianas,
não consegue se locomover sem ver, sentir, por
dentro,
o quanto dói não pertencer a classe dominante,
eufórica por prender nossas crianças em cárceres
deprimentes
ao invés de pô-las em escolas decentes.
Para os 3 pês: Pobre, Preto Periférico,
é pontapé nas costas, rasteira, porrada nos peitos,
falta de escola, transporte, hospital, respeito.
Arma apontada pra cabeça, é o que sabem oferecer,
quando antes, não é disparada pra averiguação,
já com o cadáver se retorcendo no chão.
“chumbo no couro do pobre, ouro no bolso do rico.”
Já gritava o poeta popular que circulava pelo sertão ,
pintando as cenas de morte com sangue,
e rimas
oníricas lá pros idos do anos 30/40.
Do sertão pra cidade, pra comunidade, foi um salto.
Chegou depressa à violência patrocinada pelo aparato
do Estado.
Fazer a maioridade penal sair da cabeça do
conservador,
sem ser letra morta, é o que querem da lei.
Com tristeza digo: a escola perdeu pra prisão,
na meta da formação da criança, do jovem.
A elite dominante,
que sempre esteve por cima do corpo do pobre coitado,
desde os tempos de Cabral, não quer andar do nosso lado
imagine ficar por baixo, espremido pelo povo
miserável.
Zé Sarmento
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