segunda-feira, 3 de agosto de 2020

MEMORIAL DOS CAMPOS AGRÍCOLAS


 

Memorial dos campos agrícolas 

Eu menino não gostava da época de invernia no sertão. 

Sim! Chuva era a redenção! 

Não gostava de seguir meu pai de enxada austera nas costas. 

No roçado de mato brabo no preparo da roça de coivara, 

O calor braseiro do senhor detonava pouca alegria no menino em formação. 

Sentia que deveria viver como muitos filhos de bacana da vila. 

Viver com livros, cadernos e lápis não mão.

E os lábios quentes prontos pra beijar as meninas da mesma idade. 

Meu corpo ganhava coceira dos diabos das folhas do milharal.

Deixava-me inquieto ao saber da luta que ia ter

(já naquela idade)

Pra me colocar como pessoa existente

Num mundo que cabe poucas pessoas como eu. 

Culturas florando nas terras desse vale, ah!...

Elevava a estima das pobres famílias! 

Tristeza deletéria em algum momento desaparecia

No menino, quando o eito ia se fechando. 

Vou ficar livre daqui a pouco pra jogar bola!

Tomar banho de açude!

Cair no rio que corre desde o sangradouro até o mar!

Perto do mar serei feliz, Sum Paulo!


Nenhum comentário: