segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Peste de Seca, Peste de Coroné




Peste de seca, peste de coroné!
Sou caboclo sertanejo, preciso achar pra comer pra viver qualquer coisa.
Uns bichos preá tratado e já seco, caneca de feijão gorgulhento, outra de arroz vermelhão mofado. Farinha de milho que venha pro saco-bucho empanzinado, como a de mandioca. Pedaço de rapadura bem dura, a mole de nome batida é pra quem dente não tem,  Dotô.
Um pé de porco fresco ou seco, rabo e orelha, um pouco de fuçura e toicin,
arguma parte de bode matado no dia, ou morto na caatinga que na cabeça se encontra sustança pra sustentar os dia, por favor,  Dotô, tenho fome!
Das vísceras que alimenta também me saciará. Sou nordestino e qualquer animá caído por fome matará minha fome, Dotô!
Bucho salgado, fígado fresco, bofe cru e coração sangrando, será peça importante se alguém quiser me doar.
 Junto com mocotó com cabelo e couro pregado, pode chegar, Dotô!
Ossatura de qualquer animá alimenta quando em água fervente pra matar vibrião da cólera e minha fome.
Gordura e tutano solto faz  mingau do bom, diacho! É sopa de sustança redentora.
Água, Dotô, será que ainda acho na raíz dos cactos, mandacaru, xique-xique e palma que me dê sobrevida, ou o Dotô tudo cercou?
Café bom em pó melhor será, em caroço não tenho onde torrar e pilar, em casa não tem pilão nem moinho, a miséria levou tudo, Dotô!
Peixe do bom vai ser difícil de achar pelas veias da caatinga, só mais tarde quando os governantes cuidar de armazenar as águas dos bons invernos, não é Dotô?
Carne seca será o mais que encontrarei com essa seca da peste, mas só pra exportação, pra minha fome não!
Cebola em trança nunca receberei como pedinte sertanejo, um dente de alho não darão ao retirante, pimenta do reino e açafrão, cominho, cravo, canela, gengibre.
Açúcar em punhadinho pra amelhorar paladar de repasto miserável, também não me darão. Isso ainda é coisa de casa grande não é Dotô?
A seca castigou a terra e tirou a carne do meu corpo!
Será que o sertão continuará aprontando das suas pra quem não tem vintém, Doutor, e continuará  até quando o poder de  demanda de vosmicê coroné?
Zé Sarmento


ÂNGELA: UM JARDIM NO VERMELHO



Tá chegando o terceiro livro da série que completa a trilogia da libertação para a consolidação da moradia na cidade de Sampa. Tudo floreado por uma realidade ficcional de mera coincidência.
No primeiro, PARAISÓPOLIS se apresenta como solução para a casa própria, por ser um meio intermediário da cidade. No segundo, o centro da cidade da região do BIXIGA é a área que pode se consolidar para a casa própria, pelas invasões dos sem-teto. No terceiro, a luta pela casa própria vai para o fundão, para as encostas da represa Guarapiranga tendo como cenário o JARDIM ÂNGELA.
ÂNGELA: UM JARDIM NO VERMELHO
Tá no último tratamento