sábado, 15 de junho de 2013

COMIDA PRA HISTÓRIA


Essa semana
Várias cidades do Brasil
Prepararam pratos cheios pra história.
Teve muita gente que comeu amando ou odiando.
Tinha pratos com cheiro e sabor de pólvora
Pratos que eram atirados e propagavam  gás lacrimogênio
Pratos que produziam caganeira pelo defeito moral que espalhavam
Pratos que vinham armados aos mandos de cassetetes
Amparados pelos escudos balísticos da polícia.
Eram pratos servidos a quem brigavam pra se alimentar
Das coisas que o país produz
Arremessados de botinas
De boca de fuzis que disparam ervas daninha
Que não chegam com prazer  a nossa boca.
Eram Pratos servidos por garçons  vestidos de cinza
Paramentados de cinturão carregando arma pesada.
As máscaras refletiam  o amor pela comida a uns
Ódios a outros.
Nessa briga de gato e rato
Com tempero Spray sabor de pimenta
Quem seu deu bem e se alimentou muito
Quem se fartou  pra valer até o cu estourar
Foi à panela da mídia
Que estava fervendo em fogo brando
Cozinhando em banho Maria
Esperando pra que lado ir
Levando sua  colher pra pegar o melhor pedaço
Das carnes das pessoas ensanguentadas e abatidas.
Zé Sarmento

sexta-feira, 14 de junho de 2013

JURO


Juro
Juro que tentei ser um monte de mim mesmo.
Infelizmente sou uma pessoa que só caibo em mim.
Juro que tentei ser um milhão de outras pessoas.
Não consigo, sou de fato esquisito.
Uma cópia única  neste vasto universo de muitas
Que se qualificam para serem repetitivas.
Insisto em comungar com a maioria.
Não consigo.
Nesse movimento de diversidade humana
Quem tá por cima
É quem mais conseguiu ser outro.
Quem tem o feeling de mudar de escama
Pra subir o logradouro que leva ao patamar
De um mar navegável.
Tentei ser um monte de mim mesmo.
Não deu.
Insisto em não me enganar
pra mais a frente ludibriar inocentes
passando a perna em seus pescoços
numa gravata asfixiante.
Tentei ser um milhão de outros cidadãos
Um monte de mim mesmo
Não deu.
Sou de fato esquisito pra morar no ninho
Com tanta cobra tentando engolir a outra.
Zé Sarmento