terça-feira, 2 de dezembro de 2014

QUERO POESIA EM TUDO...


Quero beber poesia no copo que  for despejada:
louça, barro, flandres, alumínio, cuia, cálice...Não Cáli-se!
Quero poesia adoçando minha boca amarga
pra sentir o sabor da palavra escrita e falada!
Meu paladar, meu corpo, minha carne, minha mente,
sofre com o sabor de horror da descriminação!
Quero poesia na fervura de uma música dançante!
pra soltar as amarras do cotidiano selvagem,
que se ampara em muitas caras e trava muitos corpos!
Quero poesia na cor que ela quiser invadir a minha vista!
A poesia atiça a claridade do meu olhar, deixa de ser mortiço,
vazio de não brilha!
A poesia me deixa doidão quando sangra meu coração,
e joga sangue na incompreensão!
Quero poesia na palavra que é arma, mas não mata!
Quero poesia no caldeirão periférico pra deixar de fabricar bala,
que fabrica cadáveres nas horas ingratas das noites macabras!
Quero poesia cozinhando a palavra escrita e falada em labareda crepitante!
Quero poesia fora da arma que cospe munição!
Poesia é da hora mano, quem é dela pega mina!
Poesia é da hora mina, quem é dela pega mano!
Quem é da poesia é bom de copo,
é bom em mexer o corpo na hora de fazer amor!
Vem pra poesia você que tá no vazio!
Entra nessa esteira que ela vai te levar a loucura!
Onde tem poesia tem amor!
Onde tem poesia tem abraço, beijo no coração!
Onde tem poesia nasce muito neném,
Que depressa vem pra poesia também!
Sem a poesia a coisa fica embaçada...
Não se consegue quase nada nas relações coletivas.
Eu quero poesia!
Eu quero lamber poesia, comer poesia, transar poesia...
Eu quero chupar poesia da boca quente de quem tem amor pra dar,
e não se  vender como prostituta barata
nas  camas frias que têm espinhos como coberta!
Zé Sarmento