sexta-feira, 19 de novembro de 2010

PERIFERIA EM PROSIA


Periferia...
Periferia de gente audaciosa, disposta a navegar num tempo bom de calmaria,
Precisamos encontrar um rio de água cristalina que deságüe num oceano de saber e abundância de conhecimento,
Precisamos agarrar a ignorância, amarrá-la com a corda da esperança para não deixá-la sair às ruas,
Precisamos de um olho do tamanho do sol do meio dia, para com sua luz filtrada pelas nuvens do saber, tentar achar o seu futuro, amparado nas letras que orquestra o conhecimento.
Meus camaradas e amigos de mesmo templo de laser, do não ter ou do muito ter ou do pouco ter...
A periferia precisa bater de frente com o monstro da violência, do esquecimento, da fome que viola a existência humana,
Precisa bater de frente para alimentar a barriga que ficou vazia no dia de ontem e também no anteontem,
Precisamos bater de frente com a falta de jeito para se entender.
Precisamos estudar, estudar e estudar, pesquisar e pesquisar, se doar e se doar, muito ler e muito ler...
Encarar a cara da desfeita, a cara feia do poder que nos oprime e lutar contra o preconceito que vem do outro lado lá da ponte.
A periferia e sua gente... com sua genética e mistura de raças que forma este imenso território chamado Brasil,
Não pode esmorecer o corpo, o psicológico e deixar de correr atrás dos seus sonhos pelo auspicioso que trás o saber, o conhecimento.
Conhecimento e conhecimento e conhecimento...É a nossa salvação. Só o conhecimento para dar pernas pra quem te quero e deslocar uma pessoa para o rumo certo.
Periferia, arriba, bate de frente e encara a cara de mal dos entraves do capitalismo selvagem, adquirindo a sabedoria dos livros.
Entra na discussão, na contextualização, na lição positiva que trás o saber e dizes aonde quer chegar sem esmorecer e tropeçar no próprio calcanhar... Calcanhar que muitas vezes se arma para correr por um mal feito realizado pela falta do saber.
Só assim periferia, estaremos encontrando um mar de calmaria e um rio de esperança para se banhar e tirar as impurezas da miséria que impregnou a humanidade durante séculos e séculos. Amém!

EDUCAÇÃO NA CABEÇA




No país da desigualdade,
da hipocrisia, da divisão  de classe, raça, cor, gênero,
ando desanimado.
Para quem leva os 3 pês nas andanças cotidianas,
não consegue se locomover sem ver, sentir, por dentro,
o quanto dói não pertencer a classe dominante,
eufórica por prender nossas crianças em cárceres deprimentes
ao invés de pô-las em escolas decentes.
Para os 3 pês: Pobre, Preto Periférico,
é pontapé nas costas, rasteira, porrada nos peitos,
falta de escola, transporte, hospital, respeito.
Arma apontada pra cabeça, é o que sabem oferecer,
quando antes, não é disparada pra averiguação,
já com o cadáver se retorcendo no chão.
“chumbo no couro do pobre, ouro no bolso do rico.”
Já gritava o poeta popular  que circulava pelo sertão ,
pintando as cenas de morte com sangue,
e  rimas oníricas lá pros idos do anos 30/40.
Do sertão pra cidade, pra comunidade, foi um salto.
Chegou depressa à violência patrocinada pelo aparato do Estado.
Fazer a maioridade penal sair da cabeça do conservador,
sem ser letra morta, é o que querem da lei.
Com tristeza digo: a escola perdeu pra prisão,
na meta da formação da criança, do jovem.
A elite dominante, 
que sempre esteve por cima do corpo do pobre coitado,
desde os tempos de Cabral, não quer andar do nosso lado
imagine ficar por baixo, espremido pelo povo miserável.
Zé Sarmento




ARRIBA PERIFERIA!


Arriba periferia, arriba!
Vai pra cima do saber, sai da loca maloca, dos becos e vielas, sai das estreitas ou largas avenidas, atravessa as pinguelas e estreitas pontes sobre córregos de lixões, desce ou sobe os escadões e vai de encontro à casa do saber.
Põe em tuas mãos, periferia, o material da escrita criada por luta e resistência.
Segura com vontade de querer sem esmorecer o peso de um livro,
de um caderno... de uma caneta... um pedaço de papel ou guardanapo em branco... e tasca neles as letras que sabes que queres aprender a escrever.
Anda, periferia, vai e busca na luta labuta do dia a dia um refrão pra te enfeitar as cordas vocais... e saber declamar o que escreves com a desenvoltura do intelecto.
Ilumina teu rosto, periferia, com a tela clara do computador e cria e faz acontecer aquilo que vem das letras do saber.
O teu saber, periferia, será a luz do final do túnel anacrônico que te colocaram para viver desde o nascer.
Quem te fez assim e te tratou desse modo, não se interessa em te tirar dessa angústia. Somente você, periferia, será a responsável pela tua salvação.
Das tuas casas simples, dos barracos frágeis à temperatura do fogo nos dias de um verão causticante, sairão àqueles que te farão participar melhor da renda nacional...
Entenda, periferia, se te entregaras ao saber... o mundo se tornará menos hediondo e os abraços mais convidativos.
O saber pra ti, periferia, será a lâmina que cortará a corda que está balançando amarrada sobre o cadafalso para te enforcar.
Encontra um objetivo, periferia, objetivo muito comum a quem trás na pele branca... e que foi bem alimentado desde o nascer,
O signo do prazer de mandar em quem trás na pele... traços da velha áfrica...Assim como a maioria de nós.
Bate de frente com os que mandaram em ti...E te mandam até hoje na discussão do saber.
Somente o intelecto, periferia, será uma porta que se abrirá...E depois de atravessá-la, lá fora estarão te esperando os anjos para te guiar a uma vida melhor.
...E por que então virá esta vida melhor, periferia?
Porque você, periferia, se entregou aos bons livros e eles deram a ti a propriedade da tua ressurreição.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

PERIFERIA FERIDA


Periferia,
arriba minha fera ferida,
estás pronta para se acalmar no colo abraçante da fraternidade.
Periferia...Terra digna e cheia de aptidão pra receber o recorte que cospe da modernidade um pouco do lucro dos poderosos que lucram com o teu descaso.
Periferia... Lugar recortado ...atado pelas correntes da falta de estrutura e do descaso.
Periferia, foste esquecida durante os tempos que correram sem abrir os braços num gesto largo para reclamar dos teus fracassos e expugnar os desagravos.
Periferia, terra ferida e esquecida pela luz que poderia te luzir iluminada pelo poder público.
Periferia, sempre estiveste sangrando, caindo de dentro de ti, de teus becos escuros e delinqüentes...nesgas de entulho que prima por limpeza e cuidado.
Periferia, esperamos que não adormeça em berço esplendido como um sonho que varou a noite, mas que no outro dia se achou na realidade do caos.
Adelante periferia...Espaço que esteve desligado da chave do progresso durante anos, mas que por esse tempo encontrou, nas lutas entre as classes que dominam a sociedade, um lugar menos apagado vindo do erário do estado, para patrocinar as bocas que criam imagem, refrão e querem pão.
Periferia... terra de gente pintada por diversas cores de raças que aqui aportaram para te construir falando diversos sotaques, desde do norte ao sul, do nordeste ao centro oeste.
Periferia... Lugar de gente disposta a falar a mesma língua para deixar de comer as sobras do capitalismo selvagem, sobra de alimento dos ricos que te despreza, sobra da engrenagem que tritura tua carne nos solavancos das conduções.
Periferia ferida... que um dia resolveu parar de sangrar e se lamentar pelo sangue derramado dos teus filhos e que foi a luta.
Periferia que ergueu a espada para o alto e correu em busca de encontrar com quem lutar para dizer chega!...estamos cansados de ser paus mandados.
Periferia...Vejo que ergueu a espada para o alto e avança na derrubada do preconceito, assim como caiu o muro de Berlim e um dia cairá o das lamentações lá em Jerusalém... Lá onde se encontra a fé indo em busca do céu azul que pertence a todos, mas que poucos podem pegar e usar para pintar no seu semblante a cor reluzente que cria o arco-íris.
Periferia... terra que canta agora um refrão desenfreado, que declama de braços abetos seus poemas iluminados pelo facho crepuscular do iluminismo e com ele dar de cara com nova aurora que não é a boreal, mas que a leva de encontro ao desenvolvimento sustentável...De mãos dadas com a sua gente e com os que moram depois da ponte...Ela quer participar da renda nacional.
Periferia...Seu povo agradece a quem do outro lado da ponte nos enxerga como gente, e nos ajuda no empenho de salvar os nossos filhos... e consolidar a democracia e o envolvimento das raças que se abrem para a nossa luta.
Obrigado periferia, por um dia não mais pintar as suas ruas de sangue do corpo da sua gente que acordou para a vida, antes que a morte batesse a sua porta e levasse seus filhos para sempre embora.