quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CRÔNICA RAIVOSA

Como posso escrever qualquer bobagem que deixe de sê-la, se tudo em mim por esses dias se revolta por dentro,
Mim enche de pensamentos revoltos e me desarma das algemas contemporâneas,
Mim devolvendo ao passado,
Quando aos poucos me encontro querendo me jogar no lixo aonde dormem os porcos?
Dane-se a leitura dessa gente que se acha frescamente abanado,
Pelos sabedores do vento da rasteira,
Produzidos pelo latifúndio da intelectualidade medíocre!
Dane-se a literatura,
Essa que não é,
Mas que por algum motivo escuso,
Alguém que se acha no direito de fazer de trouxa os tolos em dizer que é porque é!
Dane-se quem se preocupa com essa linha da arte,
Que por hoje não engata simples primeira marcha em direção à criação literária de vanguarda!
Vou pôr no entulho e preparar para a fogueira,
Tudo que leve escrito o que saiu desse sentimento mesquinho que carrego por dentro.
Página sobre página não ficará incólume da chamas.
Como fui me preocupar com essa praga que se chama leitura,
Que mais adiante fez nascer em mim à ânsia de criar literatura?
Poderia esse que vos esclarece e escravo do saber,
Não ter se preocupado com nada relevante a leitura de qualquer gênero literário.
Estaria livre dos pensamentos hediondos criados ao longo do tempo,
Pela maneira de viver segurando um livro aberto sob o lusco fusco d’uma lâmpada amarelada,
Para tentar desfuscar a alma.
Como fui gostar dessa bobagem de querer saber desde menino sobre as historias escritas?
Como fui me interessar até pelas historias das fotonovelas,
Mais adiante os romances dos pokts books, dos contos, romances?
Com a idade avançando, os entendimentos vindos, os clássicos autores surgindo,
Como Dostoievskis, Camus, Gabriel G.Marques, Machado, Graciliano
E tantos mais que aqui não caberiam citá-los?
Entendam a minha revolta.
Da literatura não tirei vintém que desse pra alimentar as moscas.
Pois entre ela e eu têm outras responsabilidades à prova.
Uma carreira de filhos esperando regar a boca e mastigar.
DANE-SE A LITERATURA COM LETRAS MAIÚSCULAS E GARRAFAIS.
Minúscula se tornou essa área da arte para mim de hoje em diante.
Não posso mais ver uma página sequer em branco, escrita quero rasgá-la.
Estas não mais me auxiliam me excitando na criação para ver passar o tempo,
E na ociosidade fazer algo prestável,
Mim exorcizando de alegria basbaque,
Pela alegria da criação da escrita ter dado a luz.
Vou de agora em diante matar o tempo com bobagem.
Vou pro boteco da esquina.
Pra sinuca.
Pro futebol.
Pras putas! Elas que limpem as partes que os homens mais gostam,
E me ceda a preço de custo a sua buceta.
Chega de ficar preso ao computador lendo os disparates daqueles que não tem o que fazer,
Vendo os lados baixos da minha pessoa se aparelhar de gordura,
Recebendo o corpo o formato da pêra.
Chega dos contos e romances e textos,
Como esse que não encanta o mais pobre mortal de leitura,
Ou o mais entendido leitor.
Tou cheio!Vazando feito caixa d’água engripada a bóia.
Tenho mais o que fazer.
As crianças pedem socorro.
Dizem que estão crescendo e querem usar nike,
Passaram do tempo que engoliam qualquer marca.
Chega!
Tou cheio de me preocupar com a passada vida literária de grandes nomes da escrita do passado,
De saber dos que escrevem a esse tempo que corre alheio as causas relevantes da sociedade.
Quero é sair por ai, me espairecer sem pensar em ler e escrever.
Só quero ver e sentir d’agora em diante,
O aroma desumano que transporta pela existência,
Essa gente que se diz relevante pras coisas da arte.
Pois até agora só me levou a me chamarem de poeta sonhador.
De querer ser participante de uma casta de gente que pertence a outro mundo,
Por ter vindo de famílias tradicionais e ter contato com eminências.
Danem-se os contos, os romances!
Danem-se as preocupações em saber quem escreveu o quê.
Tou perdendo meu tempo.
Tou cheio de ver parte dos meus livros dentro de caixas ocupando espaço,
Que seria de algo que trouxesse maior alegria pra vista.
Minha alma não suporta mais ver o que foi feito não acontecer.
Preciso lembrar que não nasci para ser o que tentei ser.
Se isto é dizer que sou um autor fracassado.
Então está dito.
Sou um autor fracassado mesmo tendo conseguido editar.
Melhor seria se tivesse ficado engavetado recebendo ao correr do tempo o pó das traças.
Não me teria tornado um idiota.
Onde muitos o chamam de escritor.
Outros não entendem ser eu um.
Por não vender livros e viver dos 10% deles.
Nem referendar o que escreve publicando em algum meio de comunicação.
Tou cheio da luta para editar um livro.
Tou cheio de ficar pendurado nos ouvidos dos amigos que podem doar valor para tal.
Danem-se a leitura, a escrita!
Vou suportar ver de hoje em diante somente páginas brancas e olhe lá.
Sem o aparato das letras me consumindo às vistas.
Terei que suportar a carga da inadimplência de escrever para supostamente lavar a alma,
Como dizem muitos que escrevem
Achando eu ser mentira, pois acho que querem mesmo é aparecer.
Chega!

José Marques Sarmento