quinta-feira, 3 de abril de 2014

O CÁRCERE


Tropecei muitas vezes no meu pé direito
Achando que o esquerdo já estivesse á frente.
Vivia sob um cárcere sombreado com grade longe do alcance da mão.
Prisão que fazia movimentar parado um cérebro em ebulição.
Sentado tentava roer a unha do dedão do pé.
Não tinha o que fazer.
Depois da ida ao psicólogo
Você vai morrer qualquer dia desses infeliz
Com esse trauma interior em querer ser alvejado pelo beijo da lua.
Nesse tempo eu admirava uma mancha lunar nas noites escuras.
Carente queria abraçá-la como amiga.
Quando o dia nascia
Vinha o sol de verão me abraçar com seu manto quente
E o vermelhão da sua cor nascente.
Dizia: menino vem pra dentro de mim
Sou teu amparo
Não quero te ver no chão pisoteado pelas patas  da engrenagem.
O sistema quer ver todos iguais a ti, ensanguentado
Puxando uma perna pro lado, amuletado
Com uma bala no corpo como presente de aniversário
Endereçada numa madrugada de buscas por um dinheiro amaldiçoado.

Zé Sarmento