sexta-feira, 26 de setembro de 2014

LÍTEROPALESTRAS DE ZÉ SARMENTO

Nessas conversas literárias e sobre tudo que interessa aos jovens, dã uma dó do cão, quando termina e eles veem em cima da gente querendo livro pra levar pra casa.Doo alguns livros, mas o bom seria se tivesse mais livros, inclusive de outros autores para doar.Percebo uma verdade neles quando se aproximam e pedem dizendo que vai ler. PMLLLB ver se sair do papel pra ajudar os escritores periféricos encher as comunidades de livros.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

SE EU FOSSE DONO DE MIM

Ah, como gostaria de ser dono dos meus atos!
Ia fazer um monte de merda.
Ia pôr fogo no fogo pra incendiar as mentes travadas.
Ia pôr fumaça nas chaminés pra derreter o picolé
de quem anda chupando o sangue do trabalhador.
Lenha na fogueira EU ia botar,
pra fazer atiçar o braseiro da desordem emocional
pra muitos cair na real.
Ia tirar água da boca de um sedento,
pra ver se ele tomava xixi como água mineral.
Fazer faltar oxigênio no vento, EU IA,
pra acabar com o correr do tempo.
Ia tirar os glóbulos vermelhos do sangue dos intransigentes.
Ia tentar ensurdecer os ouvidos dos que gostam de axé,
funk, breganejo, bregode.
Ah, se eu fosse dono dos meus próprios atos!
Cortaria  as pernas dos que tem pernas de mais para andar
sem ter aonde chegar. Ia fazê-lo vagar pra poder se encontrar.
Se eu fosse dono dos meus próprios atos,
cortaria a língua dos que falam a língua culta
e ocultaria o som dos distraídos nas baboseiras das bebedeiras
dos balcões de bar.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
faria que as nuvens parassem de mover-se,
que a chuva parasse de cair no verde que  já chegou a seu limite.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
faria que a cachorrada da periferia latisse quando o vizinho escutasse
o seu som fora dos seus limites.
Se eu fosse dono de mim mesmo, reagiria ao som  dos baluartes
que esfregam o nariz em bundas de mulheres fruta
vitaminadas pelas agulhas siliconadas.
Se eu fosse dono de meus atos, botaria um feio sapo no prato de refeição
de quem pretende me encher de sermão.
Se eu fosse dono de mim mesmo,
também pediria que a quebrada reagisse,
se enchendo de reboliço com o corpo cheio de feitiço,
pra fazer a paz reinar entre os irmãos de mesmo teor de sofrimento.
Se eu fosse dono dos meus próprios atos...Ia te pedir um abraço
quando me encontrasse, de fato, carente de sua amizade.


Zé Sarmento