quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MEU CHÃO -aos moradores do PINHEIRINHO



Quero o meu pedaço de chão, mas que ainda não seja a cova não.
Quero o meu pedaço de chão que tenho por direito e por dever do Estado constituído.
Não quero aquele pedaço para o fim dos meus dias que acabou de acabar e que os vermes vão fazer a festa por mais um desgraçado os alimentar.
Quero o meu pedaço de chão para levantar o meu castelo a meu modo
Um castelo de felicidade familiar.
Não precisa ser de riqueza espetacular.
Quero o meu pedaço de chão para poder ser cidadão com poder de dar e receber atenção.
Mas qual. O que. Tomaram de supetão com grosas armas cuspindo fogo o lugar que eu guardava a minha sombra e a fazia descansar e sonhar.
Pisaram no meu espaço de chão e arremessaram balas de borracha e gás lacrimogênio sobre a já falida esperança...
Esperança... Que esperança tem quem está a se sujeitar em ser um desgraçado e esquecido pelas vias-de -fato dos que detém vasto poder econômico?
Derrubaram o meu lar, lugar que eu guardava a minha sombra e me recolhia depois de um dia de ira em busca de alimento...
Arremedo de suprimento pra quem tem muita necessidade desde que nasceu miserável.
Quero o meu pedaço de chão para plantar um pinheiro e fazer um castelo ao meu jeito, com o que tenho como recurso... e o curso pra isso...é se entregar a luta, não esmorecer e botar pra foder quem nos fode com o seu poder.
Quero o meu pedaço de chão que tenho por direito, nem que nele tenha um pouco de céu
Um pouco de inferno, mas é meu e ninguém pode invadi-lo dá forma que desejar.
Que venha os cassetes, as pestes, que venha as tempestades do deserto, daqui não saio nem que um raio parta dos infernos
e fragmente o meu corpo, porque morrer aos poucos
é pior que morrer de supetão.
Avante cidadão do bem!
me ajude a achar um pedaço de chão que tenho por direito,
senão acabo na rua da amargura feito um cão esquecido,
ferido no íntimo por ter sido largado pelo dono que enriqueceu
e achou por razão de nova relação social, possuir um cão de raça e pedigree.
Avante cidadão, me faça ser um sujeito igual a ti,
mas sem ser explorado até a exaustão
para possuir um pedaço de chão que tenho por direito.