terça-feira, 18 de julho de 2017

O QUE É PERIFERIA, BURGUÊS?

O QUE É PERIFERIA, BURGUÊS?
Periferia é um recorte da cidade metrópole aonde se encontra os bairros mais carentes ocupados por pessoas  que foram expulsas das proximidades da casa grande.
É lugar recortado por talhos fundos em rosto sofrido por ainda lutar contra o preconceito e as adversidades de uma sociedade conservadora.
Periferia é aonde se assenta os casos de necessidades básicas que o Estado rico formado pela burguesia, não soube como dá o pontapé inicial para acabar com as desigualdades sociais e exclusão.
Periferia é a aonde mora a gente que lhes serve a preço cômodo.
É o lugar de problemas sem solução pra morador das encostas.
É por aqui que o bicho pega em corpo que quer movimento, quer assento nos ônibus pra viajar pra servir vocês do outro lado da ponte.
É lugar recortado por talho de faca, tiro, necessidades, lugar de ruas cheias de vida nos fins de semana com o som da caranga alimentando a alma, que molha a garganta com cerveja de marca ou vinho barato.
Periferia não é só problema, é solução pras vossas necessidades quando estão com a roupa suja, a casa por arrumar e limpar, a cama por fazer depois de uma transa, as paredes por pintar, um portão por consertar.
Periferia é lugar onde vos serve quem nela mora e acorda cedo, chegando tarde em casa, sem dar tempo de ter tempo pra sonhar.
Periferia é lugar de esgoto correndo a céu aberto, córregos maus cheirosos fedendo ao que vocês  consomem, é lugar onde se joga fora vossos lixos quando não os servem mais.
Periferia é lugar de poeta, artista, escritor, doutor que sonha por igualdade de condições num Brasil que não os quis até uns anos atrás.
Nas periferias estão a energia da virada de mesa pra um país mais justo. Delas sairão os votos dos mais elucidados para trazer os políticos honestos pro seu lado, por que estes sempre estiveram do lado de quem não sabe o quê, e seja periferia.
Periferia é brisa na manhã alisando rosto cansado quando sai na segunda- feira para trabalhar em vossos condomínios. Os porteiros de vocês, as faxineiras, os motoristas, manobristas, as enfermeiras que cuidam dos vossos moribundos e nenéns, os vigilantes, os jardineiros, pedreiros, marceneiros, todos dormem em alguma periferia, e acordam cedo para não deixar faltar o café da manhã nas vossas mesas.
Periferia é onde se nascem as crias de um futuro incerto, mas que serão certos que irão vos servir, mesmo sabendo que pagarão pra eles salários miseráveis.
Periferia é lugar que cresce aqueles que no futuro irão fazer tremer as vossas carnes, se o Brasil não descobrir que nela precisa investir muito mais que aí, na educação, cultura, esporte, transporte, moradia, saneamento, renda, saúde.
 Periferia é lugar que estão às armas que os fazem tremer de medo quando apontadas para vossas cabeças, pela vida toda vocês negarem  um pouco do que possuem, por os terem feitos escravos das vossas ações e enriqueceram os expulsando para lá.
Periferia é onde mora a descendência de escravos, de nordestinos, pretos, ídios e brancos pobres que não tiveram oportunidade no campo de atuação que requer a educação.
Periferia é lugar que mora gente que tem sentimento, não de culpa, de culpa teria que ter vocês, por explorá-los até os ossos, e terem enriquecido por sonegar impostos que poderia ter melhorado a situação.
Periferia é lugar que nem os piscinões dão jeito nas enchentes, nos córregos que se enchem levando nossas vidas, como vocês também os levam, os fazendo adoecer de tanto vos servir.
Nas periferias de são Paulo e do Brasil é onde mora gente que não dá risada quando perde um ente querido, chora pelo sentimento da perda, porque é coração, ação, também razão quando é necessário botar  fogo na engrenagem de uma sociedade medíocre que recria seus dramas alicerçando-os através da arte da escrita, da pintura, do cinema, da vida vivida intensamente.

Viva as periferias de todo mundo que busca um acento nas costas do planeta para usufruir do que ele é capaz de produzir. Zé Sarmento

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